Europa: seres humanos chegaram há 45 mil anos |
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Publicado pelo Portal Terra Notícias 11/01/2007 |
Os seres humanos modernos chegaram há 45 mil anos ao leste da Europa, vindos da África, segundo um estudo publicado pela revista "Science".
John Hoffecker, paleontólogo da Universidade do Colorado, assegura que os primeiros indícios da presença do homem moderno na Europa foram detectados na região de Kostenski, em uma camada de cinzas vulcânicas no rio Don, cerca de 400 quilômetros ao sul de Moscou.
Pode se tratar de um dos primeiros lugares colonizados pelo homem africano na Europa, segundo explicou Hoffecker.
Acredita-se que os seres humanos modernos surgiram na África, ao sul do Saara, há 200 mil anos.
"Queremos ser muito cautelosos ao afirmar isso. Sabemos que há outros sítios arqueológicos de pouco mais de 40 mil anos na Bulgária e na Itália. Mas estamos muito seguros a respeito dos dados sobre a antigüidade de Kostenski", indicou.
Hoffecker, que liderou o grupo do qual também participaram os cientistas russos Mikhail Anikovich e Andrey Sinitsyn, da Academia Russa de Ciências, assegurou que, no lugar foram encontradas pedras, ossos e ferramentas de marfim.
Os pesquisadores também encontraram ornamentos feitos com conchas, assim como uma peça talhada em marfim de mamute que parece ser uma figura humana e que pode ser a primeira amostra de arte figurativa do mundo, afirmou.
Segundo o cientista, o aspecto mais surpreendente da descoberta é o estabelecimento desses homens procedentes do que possivelmente eram zonas tropicais da África em uma das regiões mais frias e áridas da Europa.
"Este é um dos últimos lugares que esperávamos que os homens africanos ocupassem", acrescentou.
O cientista disse que é possível que esses homens tenham colonizado a área porque os Neandertais, primeiros habitantes da Europa, ainda não haviam chegado ao continente.
"Ao contrário dos Neandertais, estes africanos eram muito mais desenvolvidos. Tinham a capacidade de criar novas tecnologias para enfrentar o clima frio e a escassez de alimentos", disse Hoffecker.
"Os Neandertais, que habitaram a Europa durante mais de 200 mil anos parecem ter aberto a porta do continente para estes africanos", afirmou.
As escavações arqueológicas foram realizadas em mais de 20 pontos ao longo do rio Don, além de Kostenski, que eram estudados há muitas décadas.
Segundo o cientista, anteriormente, em Kostenski, foram encontrados artefatos e ossos de seres humanos modernos de entre 30 mil e 40 mil anos atrás, inclusive agulhas de marfim.
O achado dessas agulhas indica que os primeiros habitantes modernos da Europa já sabiam como usar as peles de animais para enfrentar o clima hostil.
Eles também ampliaram sua dieta para incluir pequenos mamíferos e verduras, uma maneira de "se reinventarem tecnologicamente".
Também é possível que tenham usado armadilhas para caçar lebres e raposas árticas, explorando grandes áreas desse habitat sem gastar muita energia, afirmou Hoffecker.
Segundo o estudo, grande parte das pedras usadas para criar os artefatos encontrados no sítio de Kostenski foram trazidas de lugares que ficavam entre 90 e 150 quilômetros de distância.
As conchas perfuradas utilizadas como ornamentos, descobertas nos níveis inferiores do sítio arqueológico, foram trazidas do Mar Negro, a quase 500 quilômetros, segundo o relatório.
"Embora os restos humanos recolhidos nos primeiros níveis da escavação se limitem a alguns dentes, que são difíceis de atribuir a algum tipo humano específico, estes artefatos são, sem dúvida, o trabalho de seres humanos modernos", assinalou Hoffecker.
O relatório afirma que a antigüidade dos sedimentos sobre a camada superior que cobria os artefatos foi estabelecida pela aplicação de diversos métodos.
Um deles foi a análise de um depósito de cinzas procedentes de uma grande erupção vulcânica registrada na Itália há 40 mil anos.
Os cientistas também usaram o método de "luminescência óptica estimulada" para determinar o tempo de exposição dos materiais à luz do dia, assim como a "datação paleomagnética", que se baseia nas mudanças conhecidas na orientação
http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI1342844-EI238,00.html
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