Publicado pelo site do Jornail da Tarde 23/01/2007

O compositor e maestro Antônio Carlos Brasileiro Jobim, um dos nomes mais importantes da música brasileira, faria 80 anos na quinta-feira

Se estivesse vivo, o compositor Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim estaria completando 80 anos na próxima quinta-feira, dia 25 de janeiro. Em 8 de novembro de 1994, complicações numa cirurgia para a retirada de um tumor na bexiga tiraram a vida do maestro que ficou mais conhecido pelo singelo - e musical - apelido de Tom.

Mesmo sem a presença física, sua obra continua influenciando não apenas novos e antigos nomes da música popular brasileira, mas da internacional também. Sim, podemos dizer, sem medo de errar, que Tom continua muito vivo.

“Todas as vezes em que Francis Hime, Gilson Peranzzetta, Cristóvão Bastos, Wagner Tiso e tantos outros abrem o piano, é a obra de Tom que está continuando”, sentencia o escritor e jornalista Ruy Castro, que acaba de lançar o livro Rio Bossa Nova - Um Roteiro Lítero-Musical pela editora Casa da Palavra.

Castro destaca ainda as qualidades de Tom como compositor e instrumentista: “a grande tradição do piano brasileiro, que veio de Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth, Villa-Lobos, Sinhô, Ary Barroso, Radamés Gnattali e Custódio Mesquita, atingiu seu ápice com Tom Jobim”, afirma o jornalista, que explica que Jobim trouxe para a música brasileira diversas inovações nos terrenos da harmonia, melodia e até mesmo na temática das canções.

Antônio Carlos Jobim começou sua carreira tocando piano em casas noturnas do Rio de Janeiro. Em 1952, foi contratado pela gravadora Continental para fazer arranjos para canções interpretadas por nomes como Nora Ney, Dick Farney, Dalva de Oliveira e Orlando Silva. “Talvez por ter começado como arranjador, as composições de Tom Jobim são muito sofisticadas, com grande profundidade harmônica e melódica. Ele está no limiar entre a música erudita e popular”, diz o maestro Fábio Prado, que vai reger a Orquestra Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo em uma homenagem a Jobim que acontece no Memorial da América Latina na próxima quinta-feira (detalhes na reportagem abaixo).

Fábio Prado lembra que Tom Jobim foi um dos responsáveis pelo reconhecimento da música popular brasileira no exterior. “Ele é o pai da Bossa Nova, que tem a importância de ter internacionalizado a música brasileira, até então conhecida apenas pelo exotismo.”

Um compositor completo

Para exemplificar o respeito que Tom angariou internacionalmente, o maestro conta uma história: “No ano passado, a Jazz Sinfônica fez um concerto com o saxofonista americano David Liebman, um estudioso de música que já tocou com Miles Davis. Pois, numa conversa, ele disse que Tom Jobim é o compositor de canções mais completo de todos os tempos, incluindo aí nomes como Schumann, Schubert e os mestres norte-americanos”, lembra.

Não foi só o talento musical , no entanto, que marcou a vida daqueles que conviveram de perto com Tom Jobim. “Tom nos influenciou também por seu comportamento. Muito antes de isso virar moda, ele já tinha uma grande preocupação com a preservação da natureza”, lembra Aquiles Rique Reis, integrante do conjunto vocal MPB 4.

Reis recorda ainda outra faceta do músico. “Ele era um grande contador de histórias. Algumas eram verdadeira, outras ele inventava, mas sempre contava ‘causos’ divertidíssimos. Até o Chico Buarque comentou uma vez com a gente que queria saber contar histórias como Tom Jobim”, lembra.


TOM TODOS OS DIAS

Como parte das comemorações dos 80 anos de Tom Jobim, acaba de ser lançada uma agenda com fotografias e citações do maestro. O projeto ‘Anotações com Arte’, idealizado pelo empresário Fred Rossi (o último a trabalhar com Vinicius de Moraes), já homenageou anteriormente o próprio poetinha e o cantor e compositor Chico Buarque. Na verdade, chamar de agenda este material seria um pouco injusto, o melhor é classificá-lo como ‘livro-agenda’. É que, além de espaço para anotar os compromissos nos 365 dias do ano, há fotos, curiosidades e histórias sobre o Tom. O preço é R$ 45.

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Jornal da Tarde

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