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Publicado pelo site do Jornal da Tarde 01/02/2007 |
Projeto Passeio Livre já reformou 61 km de calçadas para facilitar acesso de cadeirantes e idosos
A cena é estarrecedora, mas cada vez mais comum. Deficientes físicos são obrigados a andar na rua, perigosamente próximos aos carros, porque as calçadas não oferecem condições para a passagem de cadeiras de rodas. Buracos, lixo e postes no lugar errado são alguns dos obstáculos que 1,5 milhões de pessoas com mobilidade reduzida enfrentam na Cidade.
Mas o quadro começou a mudar. Com o Projeto Passeio Livre, trechos de calçadas em todas as subprefeituras, com 3 quilômetros em média, estão sendo reformados para possibilitar a passagem de deficientes. 'É um projeto importantíssimo, porque muda a ênfase da Cidade do carro para o pedestre', disse Mara Gabrilli, secretária Especial da Pessoa com Deficiência. 'Isso beneficia tanto o portador de deficiência como quem anda com carrinho de bebê e idosos.'
As rotas acessíveis foram escolhidas levando-se em conta locais como escolas, Unidades Básicas de Saúde e hospitais, além de comércio e acesso a transporte público. As vias estruturais, definidas no Plano Diretor, também foram incluídas.
Até o final de 2006, 62,1 quilômetros de calçadas haviam sido reformados, ao custo de R$ 11,3 milhões. A meta é terminar os 90 quilômetros previstos até o final de 2008.
É pouco. Existem em São Paulo 30 mil quilômetros de passeios públicos. 'Não temos a pretensão de transformar todas as calçadas de uma vez só. Sabemos que isso não é possível', afirmou Fábio Lepique, subprefeito da Vila Mariana.
Uma das dificuldades enfrentadas para a reforma das calçadas é convencer os proprietários dos imóveis a arcar com a reforma. A Prefeitura tem responsabilidade apenas sobre os passeios dos imóveis públicos e das vias estruturais. Em todas as outras ruas, é o dono o responsável pela calçada. 'Fazemos um trabalho quase artesanal de convencimento', conta Gabrilli. 'Mas não precisamos mudar todas as calçadas para tornar a Cidade acessível. Se mudarmos 10% da extensão de forma planejada, teremos uma transformação radical', garante.
Uma das obras mais importantes do ponto de vista da acessibilidade está acontecendo na Vila Mariana, mais precisamente no bairro de Vila Clementino. As calçadas da Rua Pedro de Toledo estão sendo reformadas para garantir o acesso dos portadores de deficiência às unidade de saúde que se concentram na região, como o Hospital São Paulo e a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD). 'A escolha dessa rua foi estratégica, pelos tratamentos oferecidos e pela proximidade com a saída do Metrô Santa Cruz', explicou Lepique. A obra deve ficar pronta até março.
Ivanildo Pessoa de Freitas, cadeirante e integrante da seleção brasileira paraolímpica de tênis de mesa, elogia a iniciativa, mas lembra que a mudança ainda é pequena. 'A calçada da Pedro de Toledo está ficando ótima, mas é tão pouco que não dá para falar de uma cidade acessível', lamenta.
Freitas afirma que, na maior parte do tempo, acaba andando na rua, ao lado dos carros. 'Fora do Centro as calçadas são péssimas. Perco minha liberdade quando não consigo andar sozinho.'
PARQUE DO TROTE É O ÚNICO ADAPTADO
Inaugurado em julho de 2006, o Parque do Trote, na Vila Maria, é o único da Cidade adaptado para portadores de deficiências
Ele possui pista de corrida com corrimão, ciclovias adaptadas e canteiros de flores aromatizadas e texturizadas, como arruda e babosa, para facilitar a mobilidade de deficientes visuais
Segundo a Subprefeitura da Vila Guilherme, o parque recebe 3 mil pessoas no fim de semana e 300 nos dias de semana
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Jornal da Tarde
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