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Crise climática pega Brasil desprevenido


Publicado pelo site Folha Online 03/02/2007

A São Paulo da garoa e do café não existe mais. As geadas paulistas, com o passar dos anos, viraram fenômenos esparsos. No noroeste do Estado, o café está deixando de ser plantado devido ao calor em excesso. Com esse clima, quem ganha espaço são as seringueiras, nativas da quente Amazônia.

Para quem acha que o impacto das mudanças climáticas em São Paulo e no Brasil virá apenas daqui muitas décadas, os cálculos do pesquisador Hilton Pinto, do Cepagri (Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas a Agricultura), da Unicamp, são um verdadeiro balde de água fria --quer dizer, quente, no caso.

O governo deveria se interessar por esses números e por outros, que vêm sendo produzidos pelos cientistas. Mas o Brasil não tem um plano de adaptação para a mudança climática. 'As políticas são insuficientes', admite Luiz Pinguelli Rosa, professor da Coppe (Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro) e Secretário Executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, órgão cujo chefe é o presidente Lula.

Para o pesquisador, falta uma cultura que envolva as mudanças do clima no dia-a-dia das cidades e do país. "O tema das adaptações aos impactos é onde estamos pior. É preciso colocar essas previsões até no âmbito das enchentes que ocorrem nas cidades", afirma Pinguelli.

Número mágico

Para tentar criar essa cultura é que Pinto, da Unicamp, especialista em ligar dados do clima com a agricultura, prefere olhar para o passado e o presente.

"No Estado de São Paulo, nos últimos cem anos, as médias das temperaturas mínimas subiram de 2,5ºC a 3ºC. Ou seja, as madrugadas ficaram mais quentes. Isso é bem perceptível pelos dados que temos", diz.

Segundo Pinto, a migração das culturas na agricultura paulista é uma realidade. Na cálida São José do Rio Preto, o café está abrindo passagem para as seringueiras, que prosperam sob o clima amazônico.

"No caso do café, o 34 é um número mágico. Na época do florescimento, não podem ocorrer mais do que cinco dias com temperaturas superiores aos 34ºC. Se isso ocorre, a produção é perdida. As flores e os frutos não são produzidos."

São Paulo da borracha

Se antes o noroeste paulista estava na fronteira da cultura do café, hoje, tudo mudou.

"Em 1990, havia 2,3 mil hectares de seringueiras plantadas naquela região. Em 2005, a área dessa cultura já era de 20 mil hectares. Essa cultura terá um bom futuro", diz Pinto.

De seu computador da Unicamp (que tem como fundo de tela um pôr-do-sol onde o astro está trocado pelo símbolo do Corinthians), Pinto tira dados que mostram o fenômeno em outros pontos do Estado. Os seringais, entre 1990 e 2005, pularam dos 3,7 mil hectares para 37 mil hectares.

"Não tem escapatória. O aumento de 3ºC nas temperaturas máximas do Brasil, apenas no caso do café, significa um prejuízo de R$ 2 bilhões. No total, para todos os grãos, a perda do potencial de plantio no país será de 25%", afirma Pinto.

"No prazo entre 20 anos e 45 anos teremos um cenário agrícola bastante diferente."

O efeito passado e presente das mudanças climáticas no Brasil, percebidos principalmente no campo, reforça uma perspectiva sinistra.

O modelo feito pela Unicamp, em parceria com a Embrapa Informática Agropecuária, mostra que as perdas econômicas, para a maior parte dos agricultores, aumentarão.

Em termos nacionais, o café continua um exemplo emblemático. "Caso a temperatura aumente em média 5,8ºC, vamos perder 92% da área útil de plantio em São Paulo, Minas Gerais e Paraná", explica Pinto.

Os cenários futuros construídos pelos pesquisadores consideram aumentos de temperatura da ordem de 1ºC, 3ºC e 5ºC. E um aumento nos níveis de chuva em 5%, 10% e 15%. O índice de acerto das previsões é de 80%, que também considera os tipos de solo para o plantio.

Depois do café, que tende a migrar para o Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina, a soja também será impactada. Ela poderá perder até 64% de área, com um aumento de 5,8ºC.

"A cultura da soja depende muito de água. Por iss

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u15957.shtml

Folha Online

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