Programa ajuda estudantes surdos |
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Publicado pelo site O Estado de São Paulo 05/02/2007 |
Software em Libras e Língua Portuguesa pode ser usado para ensinar deficientes auditivos
Estrangeiros em seu próprio país. Essa é uma das definições do psicólogo da Universidade de Brasília (UnB) Domingos Sávio Coelho, criador de um programa de informática para a alfabetização, em português, de alunos surdos. Para eles, incapazes de ler ou construir uma frase com sentido, o caminho natural é a alfabetização em Libras, a Língua Brasileira dos Sinais. O português fica para depois. No entanto, aprender a segunda língua nem sempre é tarefa das mais fáceis.
Para isso, Coelho e Olga Freitas, professora da Escola Classe 308 Sul, do governo do Distrito Federal , criaram um software livre bilíngüe - em Libras e em português - que pode melhorar a inclusão desses brasileiros num universo de simplicidades, como o acesso à literatura e ao cinema. O programa está disponível na internet, de forma gratuita.
Nele, os professores encontram aulas prontas que podem ser copiadas e dadas nas escolas para os alunos surdos. “Ele pode ser usado com aqueles que dominam a língua dos sinais, para ensiná-los a reconhecer a Língua Portuguesa”, explica Coelho. Outra característica do software é a possibilidade de os professores criarem aulas, deixando-as disponíveis na página para outros profissionais. Coelho esclarece que esse é um dos principais objetivos do site: criar um ambiente de troca de informações. “A idéia é que os professores possam utilizar o software para preparar suas aulas, e depois compartilhá-las.”
De acordo com o IBGE, o Brasil tem cerca de 5,7 milhões de pessoas com deficiência auditiva, o que corresponde a 3% da população. Segundo o Ministério da Educação, existem hoje 66.261 alunos surdos matriculados da educação infantil ao ensino médio, 0,12% do total.
“Os alunos surdos devem aprender a língua na base, para não se transformarem depois em alvos fáceis de igrejas, entidades ou partidos políticos, por exemplo”, afirma Coelho.
DO REAL AO VIRTUAL
O software da UnB é resultado de dois anos de pesquisas de um projeto de extensão universitária. A idéia surgiu a partir de um caso concreto: um aluno de oito anos, surdo profundo, com aparente dificuldade nas provas de Língua Portuguesa, mas que conseguia formular orações e frases completas com um nível maior do que o esperado para alunos de sua idade, ainda mais portadores de deficiência auditiva.
“Este aluno ia mal nas provas. No entanto, quando dávamos testes com imagens e linguagem dos sinais, ele se saía melhor”, conta Coelho.
A partir daí, os professores testaram uma série de formatos para a alfabetização dos alunos, com vídeos, slides e textos. Finalmente, chegaram à idéia de fazer um site com vídeos e imagens em que o aluno gradualmente aprende o sentido e a formulação de frases escritas em português.
A expectativa dos dois professores agora é que o programa possa ser utilizado nas escolas de forma efetiva.
Para isso, Coelho prevê ainda algumas dificuldades, como a falta de acesso à internet na maioria das escolas.
Neste ano, o programa começará a ser testado em alunos de Escola Classe 308 Sul, onde Olga leciona. “Vamos comparar o desempenho dos alunos com a ajuda do software com os que não utilizam”, diz a professora.
A pedagoga Roberta Gomes de Lima, professora e tradutora em Brasília, explica que os professores surdos conseguem compreender muito melhor os alunos que têm uma deficiência do que suas próprias famílias. “Um software em Libras e português é muito importante, porque explica claramente para os alunos surdos”, diz. “Eles precisam da minha ajuda: a família não consegue se comunicar com eles”, afirma.
CENÁRIO
66.261
alunos surdos estudam no Brasil, desde o ensino infantil até o ensino médio, de acordo com dados do Ministério da Educação
974 estudantes
com deficiência auditiva estão cursando alguma instituição de ensino superior
4.731
candidatos se inscreveram para o primeiro Exame de Proficiência em Língua Brasileira de Sinais (Prolibras), aplicado na semana passada em vários Estados
719 deles
eram da
http://www.estado.com.br/editorias/2007/02/05/ger-1.93.7.20070205.8.1.xml
O Estado de São Paulo
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