> Sistema Documentação
> Memorial da Educação
> Temas Educacionais
> Temas Pedagógicos
> Recursos de Ensino
> Notícias por Temas
> Agenda
> Programa Sala de Leitura
> Publicações Online
> Concursos & Prêmios
> Diário Oficial
> Fundação Mario Covas
Boa noite
Quarta-Feira , 30 de Abril de 2025
>> Notícias
   
 
Esperança no engenho humano


Publicado pelo site O Estado de São Paulo 06/02/2007

A questão da variação climática - na verdade, todas as questões ambientais - sempre foi tratada com uma enorme dose de alarmismo. Fazia lembrar a célebre história do menino que gritava 'Lobo!', quando não havia lobo nas redondezas; e, quando o lobo de fato apareceu, ninguém se preocupou em ajudar o menino. Os ambientalistas radicais tanto anunciaram o fim do mundo, ora pelo excessivo aquecimento da Terra, ora por uma nova era do gelo, que perderam uma oportunidade ímpar, ainda no começo da segunda metade do século passado, de liderar uma saudável mudança de hábitos e de modelos de desenvolvimento econômico. Tratar o homem como inimigo da natureza - e não como vítima dela em busca de defesas - foi um dos erros elementares cometidos pelos ecologistas radicais. Com isso, e com apelos ao estancamento do progresso científico e tecnológico, associados a uma volta ao passado pré-industrial que ninguém toleraria, alienaram parte considerável da opinião pública mundial.

O quarto relatório do Painel da ONU sobre Mudanças Climáticas incorre nesse mesmo equívoco. O documento nada contém de novo, que não se soubesse há tempos. É uma compilação de estudos conhecidos que expõem com dados concretos a terrível degradação do meio ambiente que provoca alterações do clima que os habitantes de qualquer região do mundo sentem hoje na pele. O erro do relatório não está, portanto, no diagnóstico - mas sim na ênfase que se dá à natureza escatológica das mudanças climáticas.

O aquecimento da Terra, com conseqüências catastróficas, é dado como irreversível, embora não se saiba se será de 1, 2, 3, 4, 5 ou 6 graus centígrados. O relatório também registra como inequívoca a responsabilidade exclusiva do homem por esse estado de coisas. Mesmo que todos - governos, empresas e indivíduos - sigam as recomendações dos especialistas para reduzir as conseqüências das agressões praticadas pelo homem contra a natureza, salienta o documento, o aquecimento resultante será suficiente para provocar alterações substanciais no modo de vida ao qual o homem se habituou durante séculos.

Parte-se do princípio de que o processo desencadeado pelo homem é irreversível. Ou seja, a ciência e a técnica abriram a caixa de Pandora e, quando conseguiram fechá-la, dela já tinham saído todas as pragas e desgraças. Só a esperança ficou trancada na caixa. Mas essa lenda não é a história do homem. Na história real da humanidade, irreversível é só o passado. O presente e o futuro são construídos pelo homem graças às características que o fazem uma espécie única: a vontade de progredir, o impulso de se aperfeiçoar, a consciência de si mesmo e de sua história.

Anuncia o relatório que o aquecimento provocará o derretimento das geleiras, que já se processa, o aumento do nível dos mares, que engolirão ilhas e cidades litorâneas; aumentará a desertificação; mudará o regime de chuvas; provocará escassez de água potável e o aumento explosivo das doenças endêmicas; e reduzirá drasticamente a área disponível para a agricultura. Em resumo, haverá um cataclismo planetário.

Mas mesmo entre os cientistas que participaram do Painel da ONU há quem discorde de conclusões - ou interpretações - tão definitivas e radicais. O físico Paulo Artaxo, da Universidade de São Paulo, não aceita qualificar as projeções feitas pelo Painel como uma 'catástrofe'. 'Não é o fim do mundo', afirma o cientista, 'nem o caso de ser alarmista.'

A maior parte da humanidade vive hoje em condições que há cem anos não eram sonhadas nem mesmo para a maioria dos habitantes dos países mais desenvolvidos daquela época. Pela primeira vez na história da humanidade, desde os meados do século passado a capacidade de produção, tanto da indústria como da agricultura, é maior do que a necessidade de consumo.

A ciência e a técnica foram voltadas para o incremento da produtividade na indústria e na agricultura e para a criação de uma sociedade de serviços cujos avanços deixam para trás muito daquilo que os livros de ficção científica antecipavam como sendo 'o futuro&

http://www.estado.com.br/editorias/2007/02/06/edi-1.93.5.20070206.3.1.xml

O Estado de São Paulo

Para mais informações clique em AJUDA no menu.

 





Clique aqui para baixar o Acrobat Reader