- Da Zona Leste à Unicamp. Sem escalas |
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Publicado no Site do Jornal da Tarde em 01/03/07 |
Da Zona Leste à Unicamp. Sem escalas
MARIA REHDER, maria.rehder@grupoestado.com.br
A Escola Estadual Dom Miguel Kruse, localizada no Jardim Danfer, Zona Leste, tem como alunos desde moradores das favelas do entorno até estudantes de classe média. O contexto socioeconômico no qual está inserida não impediu a escola de formar alunos com bons índices de aprendizagem, como Camila Ventura, 18 anos, que acaba de ingressar no curso de Ciências Sociais da Unicamp.
Ela estudou desde a 1ª série na Dom Miguel Kruse. “Sempre freqüentei a rede pública, mas também tive disciplina para passar no vestibular sem cursinho, pois levava muitos livros para casa. A biblioteca da escola ajudou. Com jeitinho, eu convencia a professora a deixar eu levar mais de um livro.”
Segundo Camila, a escola tem projetos que a diferencia das demais. “A biblioteca tem bons livros, sempre recebíamos visitas de educadores estrangeiros e havia professores que davam ótimas aulas.”
Já em relação aos substitutos, Camila é enfática. “Alguns professores faltavam muito e os que assumiam as aulas não passavam bom conteúdo. Algumas vezes optei por estudar em casa em vez de assistir aulas que nada acrescentariam.”
Entretanto, o quadro de substitutos da escola, diferentemente de grande parte das unidades da rede estadual, é completo. São 25 profissionais que garantem que os alunos não fiquem sem aulas quando os professores faltam. “Só na atribuição de aulas deste ano tivemos 60 professores concorrendo às vagas de substitutos, pois nosso projeto pedagógico atrai os profissionais”, diz a diretora Angela Reis Lombardi, que assumiu o cargo há cinco anos.
A escola
Atualmente, a Dom Miguel Kruse atende a mais de dois mil alunos de 5ª série ao 3º ano do Ensino Médio e conta com lista de espera por vagas, o que a diferencia de algumas escolas da região que têm fechado turmas por falta de alunos. “Há mais de cem pessoas na espera por vaga nas turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA)”, diz Angela.
O segredo do sucesso, segundo a vice-diretora Cecília Moutinho, é o comprometimento dos professores em tornar a escola um espaço sedutor para o aluno. “Trabalho aqui há 16 anos, tive a opção de mudar para escolas próximas à minha casa, mas nunca quis. Hoje, mais de 60% dos professores estão aqui há mais de cinco anos.”
Não é à toa que a escola recebeu visitas de educadores ingleses e espanhóis nos últimos anos, que vieram conhecer de perto seu modelo de gestão e tiveram contato próximo com os alunos brasileiros.
A equipe pedagógica destaca a rádio Miguel Kruse como um dos projetos que tornou a escola sedutora para os alunos. “Começamos com músicas no intervalo, depois compramos equipamentos e incentivamos a criação de programas de rádio. Por meio destes, os próprios alunos passaram a controlar os conflitos. Reduzimos em 100% a violência”, conta Gerson Oliveira, coordenador pedagógico, que trabalha há 20 anos na escola.
Para a diretora Angela, no entanto, a escola ainda tem o desafio de ter melhor desempenho no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). “A meta é sempre melhorar. Nossa média foi 36.93, menor que as médias nacional (39,118) e estadual (39,199), mas temos vários alunos que passaram no vestibular.”
DIFERENCIAIS
A rádio escolar criada em 2002 conseguiu reduzir em 100% os conflitos ocorridos no intervalo
A equipe de professores é antiga, 60% deles trabalham ali há mais de cinco anos
Os alunos não ficam sem aulas, pois o quadro de substitutos é completo
Por meio da conscientização dos alunos, a Dom Miguel Kruse foi reconhecida como a escola que mais economiza água da região
A escola também conta com um sistema próprio de reaproveitamento de água da chuva
As paredes das classes, banheiros e demais espaços parecem verdadeiras obras de arte, pois foram pintadas recentemente por um artista da comunidade
http://txt.jt.com.br/editorias/2007/03/01/opi-1.94.8.20070301.5.1.xml
Jornal da Tarde
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