Da escola pública direto para a universidade |
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Publicado no Site do Jornal da Tarde em 02/03/07 |
Da escola pública direto para a universidade
BARTIRA BETINI E MARIA REHDER
Neste ano, 2.712 vestibulandos que fizeram o Ensino Médio em escola municipal, estadual ou federal conseguiram uma vaga na universidade pública ao passarem no vestibular da Fuvest - que engloba a Universidade de São Paulo (USP) e a Academia de Polícia do Barro Branco. Este número significa que 23,7% do total de aprovados - foram 11.502 ao todo - são do ensino público.
Em 2002, o total de 21% dos aprovados eram de escola pública. Em 2003, foram 22,5%; 2004, 21,5%; 2005, 22,8% e em 2006, 21,2%.
Estes números, mais os de inscritos e de chamados à segunda fase em cada um dos anos entre 2002 e 2007 mostram uma estabilidade.
A quantidade de candidatos oriundos de escola pública que prestaram Fuvest neste período variou mais em 2002, 2005 e 2006, quando ficou em 34,7%, 39,7% e 42,8% do total, respectivamente.
Nos demais anos, foi praticamente a mesma: 36% em 2003, 35,9% em 2004 e também 35,9% em 2007.
O JT ao longo da semana fez diversas reportagens com vestibulandos que estudaram a vida toda em escola pública e passaram em um curso de universidade pública sem cursinho.
Ainda é pouco
Para o educador César Callegari, membro do Conselho Nacional de Educação (CNE), o ideal será quando 40% dos aprovados pela Fuvest forem estudantes do ensino público. “Hoje ainda temos um porcentual baixo. Ele mostra que não houve melhora no ensino das escolas públicas. O que podemos avaliar positivamente é que ações isoladas, como os cursinhos gratuitos e alguns projetos desenvolvidos por diretores ou professores em uma escola específica, estão dando certo.”
O diretor-executivo da Educafro, Frei David dos Santos, ressalta que a Fuvest deveria classificar se os aprovados oriundos do ensino público são de classe média e tiveram acesso ao cursinho. “Temos um levantamento que em todo o Estado 37% dos estudantes da rede pública são de classe média.”
O JT procurou a reitoria da USP e a Coordenadoria da Fuvest, que só vão falar de números após a divulgação da quarta e última chamada de classificados.
FUVEST 2007 EM NÚMEROS
23,7%
dos aprovados estudaram em escola pública
11.502
é o número total de aprovados este ano
35,9%
dos candidatos cursaram o ensino médio público
99%
dos inscritos responderam o questionário socioeconômico
PERFIL DO CANDIDATO
Do Ensino Médio à Universidade
CAMILA B. OLIVEIRA, 17 ANOS
PASSOU NA 1ª CHAMADA EM MÚSICA NA USP
Camila estudou desde a 1ª série em escola pública, terminou o Ensino Médio em 2006 na ETE Getúlio Vargas e passou direto no curso de música da USP
Sem fazer cursinho, a jovem teve sucesso do vestibular, pois pôde contar com o ensino de qualidade oferecido por uma escola técnica, cujos alunos tiveram melhor desempenho no Enem que os de tradicionais colégios particulares como Dante Alighieri e Marista Arquidiocesano
Ela ressalta, porém, que esperava mais da ETE, que chegou a ter aulas vagas por causa de falta de professor
Experiência: ele terminou o Ensino Médio há 20 anos
ESTANISLAU DE FREITAS, 37 ANOS
PASSOU NA 1ª CHAMADA EM DIREITO NA USP
Estanislau, diferentemente de Camila Oliveira, concluiu o Ensino Médio há 20 anos
Ele prestou Fuvest em 1987, quando cursava a Cefet-SP, mas não passou. Já em 1988 entrou em engenharia elétrica na Unicamp e em 1999 em Ciências Sociais na mesma universidade
Em 1991 foi 13º colocado de jornalismo na USP, onde concluiu o curso e em 1996, pegou 1º lugar em Ciências Sociais na Universidade Federal do Pará
O recém-aprovado acredita que a escola pública não é a mesma de 20 anos atrás. “A qualidade caiu muito”, avalia.
http://txt.jt.com.br/editorias/2007/03/02/opi-1.94.8.20070302.6.1.xml
Jornal da Tarde
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