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Publicado no Portal do Governo do Estado de São Paulo em 07/03/07 |
Conflitos femininos
José Pastore*
Amanhã, é o Dia Internacional da Mulher. Como comemorar essa data? Na vida da mulher, o trabalho e a maternidade são tratados como obrigações sérias - quase obrigações morais. De um lado, está a necessidade de a mulher trabalhar fora de casa não só para ajudar na economia doméstica, mas também para realizar-se profissionalmente. De outro, está a noção de que o trabalho fora de casa prejudica a vida do lar e rouba tempo da família.
A mulher fica entre dois fogos. Bem no fundo da nossa cultura, predomina a idéia de que o principal trabalho da mulher é o de mãe. Para essa concepção, o trabalho fora de casa conspira contra a vida familiar. Se ela se doa no trabalho, não pode doar-se no lar. Para cumprir um dos objetivos, ela tem de violar o outro. As pessoas não verbalizam, mas, garanto, que a maioria pensa assim.
Os homens não conseguem avaliar adequadamente o que essa contradição significa para as mulheres. Na verdade, eles fazem parte do grupo que cobra delas uma perfeição no exercício dos dois papéis, ignorando os seus conflitos morais. Elas têm de ser boas no trabalho e em casa.
Esse não é um assunto que vai se resolver por lei ou por ação dos governos. Trata-se de um processo de mudança social demorado e exigirá a reformulação das normas e valores da sociedade ao longo de várias décadas.
O melhor presente que nós homens poderíamos dar a elas no dia da mulher é o de aceitar uma melhor divisão dos trabalhos domésticos. Se cada um fizer um pouco, o referido conflito reduzirá, as mulheres ficarão mais aliviadas e os homens mais felizes, sem contar o ganho de toda a família. Pense nisso.
*PROFESSOR DA FEA-USP, WWW.JOSEPASTORE.COM.BR
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Jornal da Tarde
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