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Com quantos gigabytes se faz uma jangada?


Publicado no Site do Jornal O Estado de São Paulo em 26/03/2007

Com quantos gigabytes se faz uma jangada?

Alexandre Schneider*

Tomamos emprestada a frase do título de uma música do ministro Gilberto Gil para colocar em discussão um tema que chega com força aos meios de comunicação: o uso da informática como instrumento de aprendizagem nas escolas.

O Ministério da Educação anunciou como parte de seu programa para os próximos quatro anos a compra de computadores para as escolas públicas. O governo prevê o uso de máquinas portáteis pelos alunos. Cada um com o seu, cada professor com um.

Nicolas Negroponte e David Cavallo, pesquisadores do MIT, estão em negociação para viabilizar a aquisição e doação inicial de 1 milhão de computadores - um universo de cerca de 9 milhões de alunos no ensino fundamental. Eles terão baixo custo, em torno de U$ 150, fácil conexão entre si e com a internet e baixo consumo de energia. Um bom começo. Outras iniciativas semelhantes vêm sendo desenvolvidas e testadas. Mas nos parece que o debate está fora do eixo.

O centro do debate não deve girar em torno da opção de uso da tecnologia mais adequada e sim da relação de aprendizagem que alunos e professores estabelecem mediados por esse instrumento tecnológico. Nossa questão básica é, e continuará sendo, a formação de alunos que possam exercer sua cidadania a partir dos conhecimentos, da visão crítica da realidade e das habilidades de leitura, escrita, da comunicação e do pensamento científico. A tecnologia e o computador são meios e não os fins da aprendizagem. As finalidades amplas da educação são as prioridades. Aprende-se para alguma coisa. E esse objetivo da aprendizagem é ético e humanista.

Para que os gestores públicos consigam implantar um programa de uso de tecnologia na educação que faça sentido e seja efetivo, é imperioso que não deixem de lado as reais finalidades da educação e entendam que a entrada da tecnologia na escola deve ser feita interagindo com as peças em que se sustentam o processo de ensino e aprendizagem: a escola, o currículo, os gestores escolares, alunos e professores, os espaços de formação e o projeto político pedagógico. Não basta a inserção da tecnologia, mas seu sentido dentro de um currículo, este sim, cada vez mais significativo para a sociedade e o aluno.

A cidade de São Paulo caminha nesta direção. Desde a gestão de Paulo Freire na Secretaria de Educação, há mais de 15 anos, a cidade conta com um professor dedicado à sala de informática educativa. Seu papel é o de desenvolver atividades em conjunto com os professores das diversas disciplinas voltadas a aprimorar a aprendizagem dos alunos. Esse profissional poucas vezes passou por programas de formação e de oficinas interativas e interescolares de práticas. Muitas vezes acabou assumindo apenas o papel de facilitador do uso dos computadores. Isto é pouco.

Neste ano, graças a uma parceria da Secretaria de Educação com uma fundação privada, universidade e participação ativa de professores, construímos um material de apoio às atividades pedagógicas com a integração das tecnologias que orientem o trabalho em sala de aula. Esses profissionais passarão por um programa de trabalho para o uso da tecnologia voltado ao processo de aprendizagem das disciplinas do Ciclo II (antiga 5ª à 8ª série) tendo como eixo as habilidades de leitura e escrita . O programa será integrado com a formação dos gestores escolares e novos materiais orientadores serão produzidos, para que esta atividade faça sentido para a escola e contribua efetivamente para a aprendizagem. Tomando novamente a música do ministro da Cultura, nossa jangada vai “navegar pelo informar”, mas com destino certo.

*Alexandre Schneider é secretário Municipal da Educação de São Paulo


* Fernando José de Almeida foi secretário municipal da
Educação de São Paulo entre 2001 e 2002

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