Publicado no Site do Jornal da Tarde em 30/03/07

Os alunos gostam do que comem?

Programa Nacional de Alimentação Escolar realiza pesquisa para mapear a qualidade dos alimentos nas escolas públicas

BARTIRA BETINI, bartira.betini@grupoestado.com.br

Pela primeira vez em 51 anos, a merenda das escolas brasileiras passará por uma avaliação. O Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) inicia na segunda-feira uma pesquisa para mapear a qualidade.

A pesquisa será feita por amostragem e serão visitados durante os próximos dois meses 690 municípios e entrevistados 21.600 estudantes do Ensino Fundamental em 1.080 escolas. Também serão ouvidos 1.980 membros de Conselhos de Alimentação Escolar (CAE), 1.080 merendeiras, 1.080 professores e 1.080 diretores.

Os jovens vão passar por um diagnóstico do estado nutricional. E será avaliado o aspecto da segurança alimentar, que inclui a infra-estrutura e as condições higiênicas do local de produção e a distribuição dos alimentos escolares.

Identificar problemas

A professora Célia TerraNova Mauro, ex-presidente do Conselho Estadual de Merenda Escolar, acha a pesquisa fundamental para identificar problemas, principalmente, nos municípios mais pobres. \'Isso deveria já ter sido feito há mais tempo. Em São Paulo, as queixas são poucas e acredito que será uma das mais bem avaliadas do País. Como também acho que em Estados do Nordeste será possível melhorar a alimentação dos jovens e adequar os itens servidos ao paladar daquela região, o que nem sempre é cumprido, mas essencial.\'

Em 2006, o Pnae investiu R$ 1,6 bilhão em todo o Brasil para ajudar Estados e municípios a subsidiar a merenda da rede pública. Em 2005, os investimentos eram de R$ 1,3 bilhão e em 2004, R$ 1,03 bilhão.

A pesquisa recebeu recursos de R$ 3 milhões do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e está sendo organizada pela Associação Brasileira de Nutrição (Asbran).

Uma das etapas será feita in loco. \'Os pesquisadores irão acompanhar, no período máximo de três dias, a demanda da merenda em cada uma das escolas selecionadas. Dessa forma, eles poderão identificar se os alunos comem bem ou se há sobras de alimentos específicos\', explica Albaneide Peixinho, coordenadora do Pnae, por parte do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Reginaldo Lopes, diretor da Escola Estadual Parque Anhangüera ,na Zona Oeste da Capital, diz que na sua escola há um controle daquilo que as crianças gostam de comer, para não haver sobras e propiciar um cardápio mais adequado. \'Nós não somos formados em nutrição, então recorremos às nutricionistas da rede, que nos dão idéias de cardápio saudável e acessível. E estamos sempre ouvindo os adolescentes para aprimorar o que servimos.\'

CONTROLE NA BAIXADA SANTISTA

A cidade de Santos passou a ser referência no controle de qualidade da alimentação das escolas públicas de toda a região Sudeste com a inauguração do Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição Escolar (Cecane), sob responsabilidade da Unifesp

O centro irá controlar a alimentação servida em 35 mil estabelecimentos de ensino público, que atendem 11 milhões de alunos

Uma das primeiras ações será elaborar um sistema de avaliação e monitoramento do impacto gerado na saúde dos alunos a partir do controle nutricional

Esse centro faz parte da proposta do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), para que universidades organizem centros para controlar a qualidade da merenda

No Sul, o centro foi criado pelas Universidades Federais do Paraná (UFPR) e do Rio Grande do Sul (UFRS); no Norte e Nordeste, pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e no Centro-Oeste, pela Universidade de Brasília (UnB)

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