Tráfico de drogas na escola |
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Publicado no Site do Jornal da Tarde em 12/04/07 |
Tráfico de drogas na escola. E agora?
MARIA REHDER, maria.rehder@grupoestado.com.br
A professora Marisa Fefferman, que dá aulas na rede pública há 20 anos, já driblou desafios como o de ter de trazer de volta à escola um aluno que tinha desistido de estudar por ter se envolvido com o tráfico de drogas. Em vez de punir, ela optou por entrar em contato com o aluno desistente e, por meio do diálogo, conseguiu que ele concluísse o Ensino Médio.
Segundo a professora Marisa, que é doutora em psicologia escolar pela USP, só o fato de o jovem ter voltado a estudar já valeu a pena. 'Não sei se ele continuou no tráfico de drogas ou mudou de vida, mas cumpri o meu papel, pois dei a ele uma opção: a de voltar à escola e concluir os estudos.'
Essa não é uma realidade isolada, pois, de acordo com pesquisa divulgada recentemente pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), 70% dos 684 professores da rede estadual afirmam saber de casos de tráfico de drogas no ambiente escolar. No entanto, o que devem fazer professores e pais dos alunos inseridos nesse contexto?
A explicação dada por Marisa é simples. 'Os jovens buscam nas drogas o prazer e no tráfico um meio de vida, um trabalho, uma oportunidade. A escola, em vez de punir e ser chata, tem de ser um espaço que dê oportunidades aos alunos e principalmente dê prazer, seja por meio do esporte ou até mesmo de uma boa aula. O professor é muitas vezes um dos poucos pontos de referência nos quais os alunos podem se apoiar.'
Em vez de reproduzir a cultura da violência, Marisa propõe que a escola dê voz aos alunos. 'O professor tem de conversar sobre drogas, não de forma paternalista, mas por meio da troca de informações e busca de solução conjunta com o intuito de ouvir o que os alunos têm a dizer sobre seu mundo.'
É nesse contexto que o fortalecimento dos Grêmios Estudantis e dos Conselhos de Escola se torna fundamental. 'Atualmente, dou aulas na Escola Estadual Rui Bloem e estamos em fase de eleições para o grêmio, espaço onde os alunos aprendem a ter voz ativa.'
A psicopedagoga Maria Irene Maluf destaca que a participação dos pais na escola é de suma importância para que seus filhos não entrem para o tráfico ou se tornem usuários de drogas. 'A escola tem de ser atraente, mas os pais também devem conhecer os amigos dos filhos e manter contato constante com a equipe pedagógica da escola e, se possível, devem manter o hábito de agendar reuniões periódicas com a coordenação para se informar sobre o desempenho e a freqüência de seu filho na escola.'
Agora, se o problema estiver enraizado na família, Irene é enfática. 'O professor deve pedir apoio para o diretor ou coordenador, para que outros possam auxiliá-lo no diagnóstico e ajudá-lo a pedir apoio para o Conselho Tutelar ou outras entidades especializadas, pois o professor é responsável pela educação, mas não tem de resolver esses problemas sozinho.'
A psicopedagoga também chama a atenção para os alunos quietos. 'O professor tem de ficar de olho naquele aluno que tenta se esconder embaixo do boné . É importante ouvir o que ele tem a dizer.'
DICAS PARA OS PAIS
Converse abertamente com seu filho e conheça seus amigos
Marque reuniões com os professores com o intuito de se informar sobre o desempenho de seu filho
Se houver desconfiança, chegue um pouco antes do horário da saída para ter certeza se o seu filho foi realmente à escola ou ligue em horários de aula e peça para checarem se ele está em classe
Participe de forma ativa do Conselho de Escola e sensibilize os pais para a importância do diálogo
Tome cuidado para não reproduzir a violência. Em vez de punir, entenda o universo em que seu filho está inserido
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