Fósseis: 700 quilos são apreendidos em Cumbica |
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Publicado no Site do Jornal O Estado de São Paulo de 13/04/07 |
700 quilos de fósseis são apreendidos em Cumbica
Cristina Amorim
A alfândega do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, apreendeu ontem 700 quilos de fósseis brasileiros que seriam enviados ilegalmente para Hamburgo, na Alemanha. A carga contém exemplares de insetos, peixes, plantas e dinossauros em excelente estado de conservação.
Segundo o inspetor José Antônio Gaeta, há ossos e mandíbulas inteiras fossilizadas de animais. Essa é uma das maiores apreensões do tipo feitas no aeroporto. Um exame preliminar feito por perito estima o valor do material em US$ 1 milhão. A cifra ainda precisa ser validada por um especialista.
O exame do perito também indica a Chapada do Araripe, localizada entre Ceará, Pernambuco e Piauí, como origem do material, todo em placas de calcário. A região é muito rica em espécimes do período Cretáceo, de cerca de 110 milhões de anos. É também alvo freqüente da exploração ilegal do material paleontológico para alimentar o mercado negro internacional de fósseis.
Gaeta disse que o serviço de inteligência da alfândega havia mapeado o possível envio de uma carga do gênero nestes dias. O material foi declarado como artesanato e descoberto porque as informações na documentação de exportação não batiam.
A pessoa envolvida na ação não foi identificada pelo inspetor. “Este é um esquema multinacional de tráfico que a Polícia Federal está investigando”, afirmou. A carga permanecerá no aeroporto até que o levantamento completo seja realizado.
DESTINOS
Ao lado de Estados Unidos, Japão e Grã-Bretanha, a Alemanha é um dos principais destinos dos fósseis retirados ilegalmente do Brasil. O país, que não integra uma convenção da Unesco proibindo a importação e exportação de bens culturais e históricos, guarda espécies raras dentro da paleontologia que saíram daqui em coleções particulares e em museus.
O material apreendido deveria seguir a rota de outros tantos fósseis brasileiros: chegar às mãos de um atravessador, passaria a compradores preferenciais e a leiloeiros especializados que realizam a negociação pela internet.
Dezenas de trabalhos científicos internacionais se baseiam em fósseis retirados ilegalmente do País. Apesar de a Polícia Federal ter intensificado a ação na Chapada do Araripe e nos portos e aeroportos, ela ainda é insuficiente para coibir o tráfico. Atualmente, o Ministério Público Federal tenta desenhar uma legislação mais severa para coibir a prática.
http://www.estado.com.br/editorias/2007/04/13/ger-1.93.7.20070413.3.1.xml
Jornal O Estado de São Paulo
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