Educação não é prioridade, diz Gianetti |
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Publicado no Site do Jornal da Tarde em 20/04/07 |
Educação não é prioridade, diz Gianetti
Economista afirma que o Brasil gasta mais com aposentados do setor público do que com a educação
BARTIRA BETINI, bartira.betini@grupoestado.com.br
O governo gasta anualmente para manter 35 milhões de crianças no Ensino Fundamental o mesmo valor que paga a 3 milhões de funcionários públicos aposentados.
A afirmação foi feita pelo economista Eduardo Giannetti da Fonseca, Ph.D da Universidade de Cambridge e professor do Ibmec São Paulo, ontem, em palestra durante a entrega do 2º Prêmio IGE (Instituto Gestão Educacional) de Jornalismo. 'Esse dado reflete um dos fatores da baixa qualidade do ensino brasileiro. Mesmo quando comparamos os melhores estudantes em testes internacionais, o Brasil continua em último lugar.'
Giannetti acredita que causas remotas e imediatas são responsáveis por esse resultado. 'Muitos dos problemas que o Brasil enfrenta estão ligados à baixa educação. É uma questão difícil e não há resposta simples.'
Um dos motivos listados pelo economista está lá atrás, na colonização do nosso país. 'Na América do Norte, o Estado foi criado para atender a sociedade civil. Aqui, desde o início, a intenção foi explorar e servir as lideranças externas. Estranhamente, esse modelo continua até hoje e continuamos atrasados.'
Giannetti cita como exemplo a universalização das crianças cursando o Ensino Fundamental. 'Só na década de 90 conseguimos que 97% das crianças de 7 a 14 anos estivessem na escola. Os Estados Unidos conseguiram atingir esse número um século antes.'
Outro fator que influência é o crescimento da população em pouco tempo. 'Em 42 anos, a população brasileira triplicou. Em 1950, tínhamos 50 milhões de habitantes e em 1992 chegamos a 150 milhões. É um período curto para um crescimento tão grande', afirma Giannetti. Para ele, é falso comparar o desempenho educacional brasileiro com base no Produto Interno Bruto (PIB) de países que tiveram um crescimento mais modesto. 'A população cresceu e nosso desempenho precisa ser maior.'
Família
Quanto mais se estuda desenvolvimento familiar, mais se descobre a sua importância na formação do cidadão brasileiro. Um estudo do professor Naércio Aquino Menezes Filho, do Ibmec-SP, mostra que 80% dos alunos que têm melhor desempenho escolar possuem acompanhamento familiar constante.
O estudo aponta também que o tempo de permanência em sala de aula e o início dos estudos ainda na pré-escola exercem influência positiva. 'Não quero subestimar a importância da escola ao citar a pesquisa, porque se a qualidade da escola é melhorada ela recupera essa falta familiar', acredita Giannetti.
O americano Dan O' Brien, editor sênior da revista The Economist, participou como palestrante do 2º Prêmio IGE de Jornalismo. Na sua visão sobre educação, ele não deixou de mencionar a importância familiar em todas as idades. 'Quanto mais cedo acontecer a formação do cidadão mais fácil será de ele aprender, porque algumas coisas se aprende apenas na infância. Isso em qualquer cultura, acredito.'
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Jornal da Tarde
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