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Expedição vai rastrear umidade amazônica


Publicado no Site do Jornal O Estado de São Paulo em 25/04/2007

Expedição vai rastrear umidade amazônica
Nova etapa do projeto Brasil das Águas pretende monitorar correntes de ar que impulsionam 'rios voadores' do Norte para o Sul do País

Giovana Girardi

Na mesma faixa de latitudes onde se encontram as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil estão alguns dos maiores desertos do mundo: Atacama (Chile), Namibe (Namíbia), Kalahari (sul da África) e o deserto australiano. Por que então esse pedaço do Brasil é chuvoso e biodiverso? A explicação, já sabem os cientistas há alguns anos, está na Amazônia. Mas se a floresta for destruída com desmatamentos e com o aquecimento global, o que vai acontecer com o clima do resto do País?

Para responder a essa pergunta um grupo de pesquisadores brasileiros, em parceria com o casal de exploradores ambientais Gérard e Margi Moss, vai percorrer o País atrás do que eles chamam de 'rios voadores', correntes de ar que carregam umidade do Norte para o Sul do Brasil e são responsáveis por grande parte das chuvas no Sul e no Sudeste do País.

A expedição é a nova etapa do projeto Brasil das Águas, iniciado em 2003 pela dupla com o objetivo de traçar uma visão panorâmica dos principais mananciais do País. Agora eles vão estudar como ocorre o transporte dos vapores de água resultantes da transpiração das árvores para outras regiões do território brasileiro com o objetivo de entender quais podem ser as conseqüências das mudanças climáticas. 'O fluxo de vapor que sai da floresta é equivalente ao Rio Amazonas. Por isso dizemos que temos um rio voador', explica Moss.

De acordo com o responsável científico da expedição, o pesquisador Eneas Salati, pioneiro do estudo de chuvas na Amazônia, a analogia faz sentido porque a quantidade de água que evapora das árvores e que é transportada do Norte para o Sul do Brasil por ano é igual à vazão do Rio Amazonas, de 200 mil m3/s. Pare se ter uma idéia da grandeza, uma única árvore da floresta é capaz de transpirar 300 litros de água por dia. 'Essa quantidade que chega ao Sul, Sudeste e Centro-Oeste por meio dos vapores é maior do que a vazão de todos os rios da região.

Salati foi o primeiro a mostrar a existência desse fluxo, no final da década de 70. Por meio das chamadas técnicas isotópicas, que rastreiam os isótopos de oxigênio e de hidrogênio, ele mostrou que a água que evapora no Oceano Atlântico entra na Amazônia trazida pelos ventos alísios (que sopram de leste para oeste), reflete nos Andes e se espalha pelo resto do Brasil.

DNA DAS CHUVAS

'Isso já é bem estabelecido. Mas falta quantificar esse rio voador para saber exatamente o impacto da floresta no clima do País', diz Saleti. 'A idéia é encontrar uma espécie de 'DNA' das chuvas que mostre suas origens. Acreditamos que de 50% a 70% da umidade do Sudeste vem da Amazônia. Agora poderemos comprovar. Isso deve ajudar a conscientizar as pessoas que os danos à floresta não vão afetar apenas a biodiversidade e o clima da região, mas de todo o País', complementa. 'Nunca é demais lembrar que uma das previsões do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) é que a Amazônia, com o aquecimento global, vai virar um grande cerrado. Isso vai afetar todo o regime de águas'.

Saleti confessa que mesmo ele, quando começou a pesquisar na região, a pedido do governo, imaginava que o clima afetava a floresta, mas que o contrário não deveria ocorrer. 'Fui para lá na época em que começava o desmatamento pesado e as autoridades queriam saber quais danos isso podia ter. Hoje vemos que os danos são quase irreversíveis', lamenta.

'O Brasil ainda tem pouca informação sobre quais serão os impactos que o aquecimento. Não há muitas pesquisas nesse sentido. Esse trabalho vem auxiliar. Quanto mais informação científica tivermos, mais fácil será criar políticas públicas para proteger o País', comenta.

O trabalho, previsto para durar 18 meses, funcionará em várias etapas. Para fazer esse rastreamento, Saleti vai usar a mesma técnica isot

http://txt.estado.com.br/editorias/2007/04/25/ger-1.93.7.20070425.8.1.xml

Jornal O Estado de São Paulo

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