Publicado no Site do Jornal da Tarde em 09/05/2007

A poluição dos veículos


O estudo da Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) - segundo o qual um em cada três veículos que rodam no Estado despeja no ar quantidade de poluentes maior que a permitida por lei - deixa mais uma vez evidente a necessidade de instituir o quanto antes a inspeção obrigatória dos veículos. Só ela pode resolver tanto esse problema como o dos acidentes provocados por manutenção inadequada.

O trabalho, realizado com uma amostra de 462 veículos de todo o Estado, fabricados entre 1992 a 2007, teve a participação da Associação dos Fabricantes de Equipamentos para Controle de Emissões Veiculares da América do Sul (Afeevas) e de duas empresas fabricantes e recicladoras de escapamentos e catalisadores. Além da idade e da má conservação de boa parte da frota, os especialistas explicam os resultados do trabalho também pelos problemas com os catalisadores dos novos carros, feitos para reter os poluentes.

A proliferação dos catalisadores falsos, muito parecidos com os originais e vendidos livremente, é alarmante, diz Paulo Saldiva, da Faculdade de Saúde Pública da USP e especialista em poluição do ar. E, segundo Olímpio de Melo Alves Júnior, engenheiro da Cetesb que coordenou o estudo, em muitos casos, na troca do escapamento, o catalisador é simplesmente arrancado e o proprietário do carro nem fica sabendo.

Ora, os catalisadores são um elemento essencial das inovações introduzidas nos veículos pelas montadoras e a indústria de autopeças para se enquadrarem nas normas do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve). Graças aos esforços dessas indústrias e das refinarias, foi possível nos últimos 20 anos reduzir drasticamente a emissão de poluentes. A de monóxido de carbono caiu em até 99%.

Tudo isso está sendo em grande parte perdido, como se vê pelo resultado desse trabalho. A solução é uma só, e bem sabida há muito tempo - a inspeção veicular, que poderá detectar as fraudes nos catalisadores e outros itens referentes à poluição, além dos problemas técnicos especialmente graves numa frota cuja idade média é de 10 anos. Para isso é preciso que os governos federal, estaduais e municipais superem o quanto antes as suas divergências a respeito, que impediram até agora a implantação da inspeção.

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Jornal da Tarde

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