Casos de dengue crescem 20% |
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Publicado no Site do Jornal O Estado de São Paulo de 05/06/07 |
Casos de dengue crescem 20% nos primeiros 4 meses do ano
Grupo de consultores internacionais virá ao País analisar o plano de combate à doença
Lígia Formenti, BRASÍLIA
A eficiência do País na batalha contra a dengue piorou. Nos primeiros quatro meses deste ano, o número de casos da doença subiu 20% em relação ao mesmo período de 2006. Foram 246.833 pacientes infectados, dos quais 288 desenvolveram a forma hemorrágica e 38 morreram - um número entre 10% e 15% superior ao do mesmo período do ano passado.
Preocupado com o aumento, um grupo de consultores indicados pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) desembarcará no País em julho para analisar o Plano de Combate à Dengue. No primeiro estágio, a equipe - com consultores nacionais e internacionais - fará uma avaliação do plano de trabalho, estimada em três ou quatro dias. Não está descartado um trabalho de campo, numa segunda etapa.
“O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, demonstrou preocupação com a epidemia no País. Daí a formação desse grupo”, explicou o secretário em exercício da Vigilância em Saúde, do ministério, Fabiano Pimenta. “Precisamos encontrar respostas rápidas para melhorar a eficiência do combate à doença.”
Para Pimenta, o aumento de casos é fruto da combinação de dois fatores: o aumento da intensidade e do período das chuvas e também a explosão de casos em Mato Grosso do Sul neste ano: 68 mil. “No Estado havia um grande número de criadouros (de mosquitos) e as pessoas não eram resistentes ao vírus da dengue tipo 3. Daí a explosão de casos”, observou. Ele reconhece, no entanto, que em outros locais, onde a população também era suscetível ao dengue tipo 3, a epidemia pôde ser contida.
Foi o caso de Minas Gerais. “É um exemplo de que, com bom trabalho de campo, colaboração da população, é possível evitar uma explosão de casos”, afirmou.
O secretário em exercício admite que a epidemia no País ainda depende das variações das chuvas e de uma população suscetível ao vírus da dengue. Em locais onde o vírus já circulou e contaminou grande número de pessoas, a tendência é de menos casos nos anos seguintes. Pelo menos em relação ao mesmo tipo.
Há quatro tipos de vírus da dengue. Quando o paciente apresenta infecção mais de uma vez, corre o risco de desenvolver a forma grave da doença, a hemorrágica, que pode levar à morte.
Essa é outra preocupação do ministro da Saúde. A taxa de mortalidade da dengue é de 13%, um índice bem acima daquele tolerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS): 3%. Pimenta afirma que para reduzir tais taxas é preciso, sobretudo, melhor organização dos serviços de atenção básica. Ele cita Campo Grande (MS) como exemplo positivo. Embora a epidemia na capital tenha sido preocupante, não houve mortes. “Houve sintonia entre serviços de saúde, um motoqueiro foi chamado para pegar exames e levá-los ao centro de diagnóstico”, disse. “Tal agilidade permitiu que, em pouco tempo, pacientes fossem medicados.”
ATAQUE AOS CRIADOUROS
Pimenta lembra que o combate à dengue é feito principalmente por municípios e Estados. “Entramos mais com fiscalização e orientação.” Entre os principais problemas a serem combatidos está a baixa eficiência na visitação das casas. No Rio, agentes não visitaram 36% das residências programadas. E somente metade dos Estados teria conseguido cumprir a meta de visitação - oportunidade em que agentes procuram criadouros dos mosquitos, eliminam os que são encontrados e orientam os donos das casas para a adoção de hábitos seguros.
O último boletim epidemiológico nota uma redução do ritmo da epidemia no mês de abril, associado sobretudo à redução das chuvas nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Agora, a atenção do Ministério da Saúde se volta para o Nordeste, que entra no período de chuvas.
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Jornal O Estado de São Paulo
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