Américas: documento propõe o fim da gordura trans |
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Publicado no Site do Jornal O Estado de São Paulo de 06/06/07 |
Documento propõe o fim da gordura trans nas Américas
Organização Pan-Americana de Saúde apresenta texto hoje, em três países, entre eles o Brasil
Lígia Formenti, BRASÍLIA
A gordura trans ou hidrogenada pode ser banida das Américas num curto espaço de tempo. Um documento da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) que será apresentado hoje no Brasil, Estados Unidos e Chile, defende a eliminação desse tipo de gordura - formada pelo processamento de óleos vegetais líquidos e usada em margarinas, óleos, biscoitos, sorvetes e alimentos de fast-food -, além da restrição de gorduras saturadas. Formulada por 21 especialistas, a proposta tem como objetivo reduzir a incidência de problemas cardíacos.
Em outubro, o documento deverá ser submetido à votação no Conselho Diretivo da Opas, formado por ministros de saúde. “Nessa oportunidade, prazos deverão ser acertados para a substituição da gordura trans por outros tipos menos prejudiciais à saúde”, afirmou o professor titular do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo e um dos integrantes do grupo de trabalho, Carlos Monteiro. Especialistas dão como certa a adoção da medida no País depois da aprovação pelo conselho da Opas.
Para fundamentar o pedido de restrição total da gordura trans, pesquisadores do grupo de trabalho citam um estudo da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard segundo o qual uma redução de 4,5 gramas diárias dessa gordura na dieta evitaria mais de 10 mil mortes por ano.
VILÃ DA SAÚDE
Usada desde o início do século passado, a gordura hidrogenada teve seu consumo ampliado a partir da década de 50. Até pouco tempo, era um dos ingredientes da margarina, usada para substituir a gordura animal e evitar problemas cardíacos. Nos últimos anos, porém, os malefícios da gordura trans começaram a ser descobertos e hoje ela é considerada uma das principais vilãs da saúde. Estudos indicam uma estreita relação entre o consumo excessivo e enfartes. Há também trabalhos que sugerem o aumento do risco de diabete e morte súbita.
Com a mesma velocidade com que malefícios da gordura trans foram propagados, providências para a queda do consumo foram adotadas em vários países (veja quadro ao lado). Algumas marcas de margarina alteraram sua composição. “Não é uma mudança que provoque um impacto financeiro significativo para as indústrias”, garante o professor Monteiro. Ele estima que, caso a recomendação seja adotada no Brasil, em dois anos já seria possível ocorrer o banimento da gordura trans.
Apesar dos elogios às medidas espontâneas, o grupo da Opas afirma que iniciativas isoladas não são suficientes. É imprescindível uma ação rápida dos governos para proteger a saúde da região - daí a necessidade de um prazo para o banimento do produto.
Enquanto isso, o grupo de trabalho da OPAS traçou uma série de estratégias para a redução do consumo. Entre elas, a rotulação de alimentos - já adotada no Brasil - e o aumento de informação para consumidores. Outra idéia é elaborar planos de ação para governos e indústrias interessados em eliminar de forma progressiva a gordura trans.
Estima-se que o consumo de gordura trans represente de 2% a 3% das calorias totais consumidas nos Estados Unidos; 3% na Argentina e 2% no Chile. “No Brasil, acreditamos que o consumo seja de 5 gramas diárias”, diz Monteiro.
NO MUNDO
2005: Canadá foi o 1.º país a obrigar a rotulagem de gorduras trans
2006: Dinamarca limitou o uso de gorduras trans a 2% da gordura total dos alimentos. Os EUA decidiram pela rotulagem obrigatória. Chile, Argentina, Paraguai, Uruguai, Rep. Dominicana e Costa Rica fizeram propostas para reduzir o uso de gorduras trans e discutiram a necessidade de rotulagem
2007: Está em fase de consulta pública no Brasil proposta para regulamentar a publicidade de alimentos com altos níveis de componentes não saudáveis, entre os quais a gordura trans. Na Argentina e aqui, indústrias alimentícias já substituem óleos parcialmente hidrogenados por insaturados
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Jornal O Estado de São Paulo
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