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Publicado no Site do Jornal da Tarde em 14/06/2007 |
Inclusão evita barreiras
Pedagogos e psicólogos dizem que a convivência entre alunos surdos e ouvintes ensina muito a ambos - quando bem orientada por professores e intérpretes
ELENI TRINDADE, eleni.trindade@grupoestado.com.br
A convivência entre alunos com deficiência auditiva e ouvintes é muito importante para que as crianças aprendam a respeitar as diferenças entre as pessoas. Essa é a opinião de educadores e psicólogos. Por isso, é imprescindível que estudem numa mesma classe. “Juntos, os ouvintes demonstram interesse em aprender a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras), usada pelos surdos, e prestam atenção quando seus colegas que não ouvem fazem apresentação de trabalhos, pois eles usam muitos recursos visuais e concretos para se expressar”, relata a pedagoga Maria Odete Gomes, habilitada na linguagem de sinais e uma das profissionais da Sala de Recursos da E.E. Professor Roldão Lopes de Barros, na Vila Mariana, Zona Sul.
A Sala de Recursos é um local de apoio pedagógico para todos os alunos e conta com livros, atlas, revistas, jornais, televisão e internet para servirem de complemento às pesquisas escolares. “Os alunos surdos sempre recorrem à essa sala quando têm dúvida”, explica Maria Odete. “Um exemplo é uma garota que veio de uma escola sem a estrutura necessária para atendê-la e até havia pensado em desistir de estudar. Numa visita à Sala de Recursos para complementar um trabalho sobre efeito estufa, ela leu reportagens de revistas e jornais e entendeu tão bem a matéria que acabou ajudando outros alunos que tinham dúvidas, com gestos e desenhos na lousa.”
Condições iguais de acessibilidade são fundamentais para a inclusão dos alunos com deficiência, diz Regina Maria de Souza, mestre em psicologia e diretora-associada da Faculdade de Educação da Unicamp. “O trabalho tem de ser pensado na pluralidade e não apenas com condições de acessibilidade, como, por exemplo, um intérprete em sala de aula”, destaca ela.
Resultado
Na Escola para Crianças Surdas Rio Branco, os alunos com esse tipo de deficiência já estão acostumados a conviver com os ouvintes no mesmo espaço físico e isso facilita o processo de inclusão. Sabine Vergamini, coordenadora da escola, explica que há um trabalho de interação em que os alunos surdos trocam correspondência e desenvolvem projetos com os ouvintes. “O processo de integração é bem rápido por conta dessa preparação.”
A convivência entre eles, acredita Miriam de Freitas, pedagoga e intérprete do Rio Branco, tem outro facilitador: a expressão corporal dos surdos. “Enquanto se comunicam, o corpo também fala.”
Com a ajuda da intérprete Miriam, a reportagem do JT ouviu a opinião de duas alunas surdas do Colégio Rio Branco sobre a inclusão. “Tenho me sentido bem, pois eles (colegas) se interessam em aprender Libras ou usam letras do alfabeto para conversar”, conta Bruna Valéria Antunes, 12 anos, aluna da 5ª série.
Joyce Alencar Augusto, 11 anos, gosta de observar como os colegas ouvintes se comportam na forma de se comunicarem. “Vejo como eles falam, mas nem sempre entendo. Aí, peço ajuda à intérprete.”
http://txt.jt.com.br/editorias/2007/06/14/opi-1.94.8.20070614.6.1.xml
Jornal da Tarde
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