Publicado no Site do Jornal da Tarde em 15/06/2007

São Paulo se espelha em Bogotá
Experiências bem-sucedidas inspiram projetos e ações na Capital

LUANDA NERA. luanda.nera@grupoestado.com.br

Governos, empresas e sociedade civil vêm demonstrando sintonia e consenso na luta pela construção das chamadas “cidades sustentáveis”. O tema ganhou espaço na Conferência Internacional Empresas e Responsabilidade Social 2007, promovida pelo Instituto Ethos, que termina hoje.

O presidente do conselho deliberativo do Ethos, Oded Grajew, apresentou aos 1.500 participantes do evento o “Movimento Nossa São Paulo: Uma outra Cidade”, lançado em maio. Ele reforçou a importância da participação da sociedade nas decisões políticas municipais e declarou: “Quando a atual Prefeitura perceber que a sustentabilidade está na pauta do mundo, muita coisa vai mudar. Mas a população precisa acompanhar as iniciativas, cobrar a efetivação dos compromissos assumidos. Isso vai mudar o comportamento da cidade.”

O movimento liderado por Grajew foi inspirado na cidade de Bogotá, capital da Colômbia, que protagonizou um processo de transformação econômica e social com o apoio da população civil, dos governos (atuais e anteriores) e das empresas. Carlos Córdoba, coordenador do projeto “Bogotá Como Vamos”, apresentou os resultados do trabalho durante plenária na conferência. E enfatizou a necessidade de integração entre as gestões municipais, como ocorreu em sua cidade: “Ganhar um pouco no processo de corrupção política é perder muito na vida em sociedade. Por isso não dá para pensar os mandatos como únicos, isolados dos demais. A continuidade garante a responsabilidade das ações e está diretamente ligada à pressão popular”.

Segundo Córdoba, a revolução vivenciada por Bogotá é resultado da gestão compartilhada das últimas cinco administrações, que têm sabido “reconhecer os erros e os acertos das anteriores”. Naquela cidade, diversos aspectos passaram por relevantes transformações, como a criação do Estatuto Orgânico da cidade, o fortalecimento fiscal e financeiro, a melhoria na qualidade de vida e a apropriação dos espaços públicos. Um dos avanços mais significativos está na taxa de homicídio na capital colombiana, que caiu de 80 mortes (para cada 100 mil habitantes), em 1993, para 18, em 2006. Outra conquista está no combate à sonegação de impostos: “Hoje, mais de 100 mil pessoas pagam 10% a mais de impostos para melhorar a vida na cidade. Elas podem escolher as áreas de investimento, podem direcionar seus tributos.”

São Paulo

Depois de ouvir às lições praticadas pela capital colombiana, o secretário do Verde e Meio Ambiente do município de São Paulo, Eduardo Jorge Martins Alves Sobrinho, garantiu que a prefeitura da Capital também vem se inspirando nessa experiência e discorreu sobre as principais medidas que estão sendo pensadas em seis áreas temáticas centrais: Ar, Água, Terra, Eco-economia, Verde e Cultura de Paz. 'O desenvolvimento sustentável é uma utopia moderna e precisa ser trabalhado de forma intersetorial, integrando as demais secretarias municipais. Além disso, não dá para pensar na questão ambiental sem considerar os aspectos sociais. Isso já é consenso', explicou.

Dentro da temática 'Terra', uma das iniciativas é a utilização do inventário sobre as emissões de gases que provocam o Efeito Estufa em São Paulo, concluído em 2005. Segundo o secretário, até o final do ano deve ficar pronta a Política Municipal de Mudanças Climáticas (que conta com a parceria das Nações Unidas e da FGV). '75% das emissões de gases que provocam o aquecimento global vêm da energia.” Para combater esses problemas, ele afirmou serem prioridades da Prefeitura a inspeção dos 5,5 milhões de veículos da Capital, a construção de parques lineares e ciclovias e a busca por soluções para os aterros sanitários.

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