Publicado no Site do Jornal da Tarde de 21/06/07

Serra inicia hoje 'Professor auxiliar'

As 613 escolas estaduais da Capital terão um estagiário para atuar em parceria com os professores

MARIA REHDER, maria.rehder@grupoestado.com.br

O governador José Serra inicia hoje o Programa Professor Auxiliar, que contou com um investimento de R$ 14,4 milhões e na sua primeira fase de implantação vai disponibilizar um estagiário para atuar em parceria com os professores titulares de 1ª série de 613 escolas estaduais da Capital.

Entretanto, o programa - que também foi implantado em 2006 na rede municipal da Cidade - divide opiniões de educadores e sindicalistas. Segundo Cláudio Fonseca, presidente do Sindicato dos Profissionais em Educação do Município de São Paulo (Sinpeem), a idéia de oferecer um estagiário por sala de aula não soluciona os problemas da Educação pública brasileira. “Em vez de colocar mais um professor em sala de aula, o ideal seria reduzir o número de alunos por sala. Eu não sou contra a adoção de um estagiário, mas acho que este programa não é o suficiente para melhorar a situação da Educação.”

O sindicalista acredita que, antes de oferecer um estagiário, há outras prioridades a serem definidas pelo governo. “Valorizar o profissional que atua na rede e garantir um bom ambiente de trabalho a eles.”

O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) também não acredita no sucesso deste programa (veja box). Já Luiza Harumi, coordenadora da Emef Comandante Garcia D’Ávila, escola que contou com a atuação de 3 estagiários nas 1ª séries do Ensino Fundamental, achou o programa positivo. “O estagiário foi importante na ajuda do processo de inclusão dos alunos portadores de algum tipo de deficiência. Acredito que essa parceria só dará certo se houver um projeto pedagógico de atuação conjunta entte os professores - titular e auxiliar.”

Neste ano, apenas um estagiário está atuando na Emef Garcia D’Ávila. “Este programa poderia ser adotado até a 4ª série do Ensino Fundamental e não só apenas na 1ª série, desde que o governo o garantisse para todas as séries.”

Na rede estadual

A Escola Estadual Santa Rosa de Lima, no entorno da Favela do Morro do Piolho, Zona Sul, desde o ano passado adota o professor auxiliar - um estagiário - nas séries iniciais do Ensino Fundamental. “Nossas professoras eventuais, que estão cursando pedagogia, se ofereceram para estagiar na escola e, desde então, o projeto tem dado muito certo, pois nossos alunos têm recebido atendimento individualizado e seus problemas de aprendizagem têm sido solucionados.”

É o caso de Bruna Nascimento, 8 anos, aluna que aprendeu a ler e a escrever por meio da atenção especial dedicada por duas professoras. “Minha filha era vagarosa, não conseguia ler nem escrever. Foi quando me chamaram na escola para falar de suas dificuldades e me apresentaram as possibilidades de ela estudar em uma classe com duas professoras e de ter reforço”, conta a dona de casa Viviane da Silva.

As professoras da escola, porém, ressaltam que a autonomia das escolas é fundamental na elaboração de qualquer projeto. “Nosso projeto não foi imposto”, diz Maria de Fátima da Silva, professora eventual.

2 PERGUNTAS A:
CARLOS RAMIRO DE CASTRO, PRESIDENTE APEOESP

1) Qual a sua opinião sobre o “Professor Auxiliar”, que será lançado oficialmente hoje pelo governador José Serra?

Em vez de colocar um estagiário em sala de aula, o governo deveria garantir professores-adjuntos - profissionais concursados - para atuarem em todas as salas de aulas, pois assim o professor-titular poderia contar com o apoio de um profissional, que o substituiria em eventuais faltas sem prejudicar o desempenho dos alunos.

2) Mas esse profissional só serviria para substituir faltas?

Não. O professor-adjunto poderia desenvolver um projeto em parceria com o titular, pois é muito difícil para o docente ter de enfrentar salas lotadas, com mais de 40 alunos. Então, o professor-adjunto, o qual poderia ser designado para todas as séries e não apenas para a fase de alfabetização, por estar envolvi

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