Físico dá pista do que havia antes do Big Bang |
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Publicado no Site da Globo.com em 02/07/2007 |
Físico dá pista do que havia antes do Big Bang
Cálculos abrem janela para investigar o que ocorreu em fase anterior do Universo.
Para cientista nos EUA, Big Bang produz "amnésia cósmica" no cosmos.
Salvador Nogueira
Do G1, em São Paulo
Um físico da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, fez muitos cálculos e conseguiu algumas pistas do que podia estar acontecendo antes do nascimento do Universo -- ou, pelo menos, antes do nascimento da versão que conhecemos do Universo.
A história tradicional da origem do cosmos conta que ele surgiu cerca de 13,7 bilhões de anos atrás, quando, por alguma razão misteriosa, toda a energia e matéria contida nele, até então reunida num ponto infinitamente quente e denso, passou a um movimento de expansão radical. Essa narrativa é basicamente o que diz a famosa teoria do Big Bang, hoje consagrada nos meios científicos, mas ainda marcada por algumas limitações.
Embora essa teoria já tenha se mostrado muito eficiente para explicar como o Universo evoluiu nos últimos bilhões de anos, até o surgimento do Sol, da Terra e da vida, ela não consegue sondar o exato instante do surgimento do cosmos -- aquele momento em que tudo estava reunido num único ponto, também conhecido no linguajar "fisiquês" como uma "singularidade".
Isso acontece porque, para analisar uma situação tão radical quanto a singularidade inicial, é preciso reunir no mesmo saco a teoria da relatividade geral, que explica como funciona a gravidade, e a física quântica, que esclarece como funcionam as outras forças da natureza, ligadas aos fenômenos atômicos. Ocorre que a relatividade e a teoria quântica, embora funcionem muito bem separadas, só produzem lixo quando reunidas -- as equações deixam de fazer sentido.
Em busca de alternativas
Para sondar um fenômeno como o início do Universo, portanto, é preciso desenvolver uma outra teoria, mais poderosa, capaz de descrever tudo que está envolvido naquele instante primordial. Ninguém sabe hoje que teoria é essa, mas há algumas candidatas, atualmente sendo desenvolvidas por grupos de física teórica.
Foi com uma dessas alternativas que o físico Martin Bojowald chegou a suas conclusões sobre o período anterior ao "início oficial" do Universo. A teoria que ele usou é chamada de gravidade quântica de laços, e seu objetivo é basicamente reescrever a famosa relatividade de Einstein em termos que permitam-na dialogar com o resto do mundo quântico.
Partindo dessa versão da gravidade quântica, é possível sondar a singularidade, e aí os cientistas ficam livres para brincar com a hipótese de que o Big Bang pode não ter sido o real início do Universo. Com efeito, talvez o cosmos nem tenha um início no tempo -- possivelmente ele sempre foi e sempre será, alternando apenas em seu estado. Nesse contexto, o Big Bang clássico representa apenas um momento no tempo em que o Universo passou de um estado de contração para um estado de expansão.
Amnésia
Caso isso esteja correto, Bojowald traz boas notícias. Segundo seus cálculos, é possível que alguma "informação" sobre o estado do Universo pré-Big Bang possa ter "vazado" para dentro dessa versão atual quando a expansão (re)começou. Isso quer dizer que, com as observações certas, talvez seja possível obter provas de que o Big Bang não foi o princípio de tudo e até mesmo desvendar algumas das características dessa fase anterior do Universo.
Agora, a má notícia: segundo o físico da Pensilvânia, esse quadro da "vida anterior" do Universo nunca estará completo. Se, de um lado, há a possibilidade de encontrar alguma evidência do que veio antes, de outro lado, os cálculos mostram que, ao passar pelo gargalo do Big Bang, o Universo sofre de uma espécie de "amnésia cósmica": muitos dos detalhes do que veio antes disso simplesmente são apagados e não deixam resquícios uma vez que o cosmos "renasce".
Claro que alguns físicos menos entusiasmados com a gravidade quântica de laços ou com o trabalho de Bojowald podem argumentar que, se essa amnésia cósmica é realmente inevitável, a n
http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL62134-5603,00.html
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