Primórdios das emissoras educativas |
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Publicado no Site do Jornal o Estado de São Paulo em 10/07/07 |
Primórdios das emissoras educativas
Dois lançamentos restauram os antecedentes históricos e as transformações em 40 anos da TVE e 70 anos da Rádio MEC
RIO
Os 40 anos da TVE e os 70 da Rádio MEC foram recontados nos livros TVE Brasil - Cenas de Uma História e Rádio MEC - Herança de Um Sonho, lançados recentemente no Rio. Ilustradas com fotografias e documentos, as publicações, unidas numa caixa, trazem o resultado de um intenso trabalho de pesquisa, durante o qual a falta de organização do arquivo teve de ser driblada.
“Ninguém sabia direito o que havia lá dentro”, conta a jornalista Liana Milanez, a autora, referindo-se ao material guardado num depósito no bairro da Penha, zona norte do Rio. “Consegui muita coisa graças a funcionários que não jogavam fora coisas que o chefe mandava jogar e a secretárias que guardaram documentos.”
Ex-presidente da Fundação Cultural Piratini Rádio e Televisão (TVE-RS), Liana debruçou-se sobre as histórias, muitas delas contadas por profissionais das emissoras, durante pouco mais de um ano. A princípio, ela faria um livro de 120 páginas que abarcaria as quatro décadas da TVE e as sete da Rádio MEC. Logo no início do trabalho, no início de 2006, Liana percebeu, no entanto, que seria preciso separá-las em dois publicações, tamanha a quantidade de dados e as diferenças nas trajetórias.
O produto final: dois alentados volumes de mais de 200 páginas, em que são lembrados os antecedentes históricos, a fase de implantação, os pioneiros, os programas célebres, as transformações vividas ao longo de todos esses anos. O livro da TVE resgata os sonhos de Roquette-Pinto, idealizador, nos anos 50, da primeira televisão educativa - projeto que tinha como objetivo levar o conhecimento a todos os cantos do País, mas que acabou interrompido por razões políticas alheias a seu idealismo e empreendedorismo.
A TVE só seria criada em 1967, como Centro Brasileiro de Televisão Educativa, que tinha como meta “a produção, aquisição e distribuição de material audiovisual para uso em televisão educativa”. De lá até aqui, foram inúmeros os programas, os apresentadores, as inovações, conforme mostra o livro. Ziraldo, que apresentou, como entrevistador, O Papo, guarda boas lembranças de sua passagem pela TV da Rua Gomes Freire - que exibiria ainda O Menino Maluquinho e a Turma do Pererê.
“Tive uma experiência fantástica. Fiz entrevistas como a primeira que o Hélio Fernandes deu depois de liberado para retornar à TV, a última do Prestes e a volta de d. Helder Câmara”, conta, lembrando que ficou quatro anos na TVE, na década de 80 (“saí quando Collor entrou”, rememora).
Ele não se dava ao trabalho de pesquisar sobre o entrevistado. A produção do programa até lhe entregava uma ficha com dados do convidado, mas Ziraldo não lia uma linha. “Só entrevistava pessoas que conhecia e das quais gostava, como o Aloysio de Oliveira, antes de ele ir para os Estados Unidos, muito triste com o Brasil, e a Dina Sfat, duas vezes”, justifica.
No livro da Rádio MEC, aprendemos que tudo começou com a Rádio Sociedade, primeira emissora brasileira, fundada em 1923 e que, em 1936, seria doada por Roquette-Pinto ao Ministério da Educação e Saúde - com a condição de que o canal teria de continuar transmitindo programação exclusivamente educativa e cultural. Transformou-se, então, em Rádio Ministério da Educação.
O livro - que traz textos de gente que fez história na rádio, como Carlos Drummond de Andrade, Fernanda Montenegro e Edino Krieger - mostra a vocação para a difusão da música, erudita e popular, o noticiário, nacional e internacional, e o ensino de diferentes áreas do conhecimento.
Beth Carmona, presidente da Associação de Comunicação Educativa Roquette-Pinto (Acerp), mantenedora da TVE e da Rádio MEC, lembra a importância de se olhar para esse passado no momento em que é discutida a implantação de uma rede pública de TV e rádio no Brasil. “Precisamos saber que conhecimentos foram acumulados nesses anos, para não repetir caminhos errados”, acredita Beth.
“Percebemos que o que a gente escolheu nos últi
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Jornal O Estado de São Paulo
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