Inglês é disciplina secundária no ensino |
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Publicado no Site do Jornal da Tarde em 12/07/07 |
Inglês é disciplina secundária no ensino
O MEC não envia às escolas públicas material didático voltado para o ensino de língua estrangeira. A previsão é abrir edital a partir de 2008
MARIA REHDER, maria.rehder@grupoestado.com.br
Professores de inglês da rede pública de ensino têm de driblar diariamente desafios, como criar aulas sem receber material didático e capacitação específica para o ensino do idioma, além de assumir salas com cerca de 40 alunos e, em alguns casos, ter de trabalhar problemas de alfabetização de estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental.
O Ministério da Educação, por exemplo, não aplica uma avaliação para medir a aprendizagem de inglês dos alunos brasileiros nem envia para as escolas públicas material didático da disciplina. “São os professores que têm de preparar suas aulas de inglês”, afirma Maria Antonieta Celani, coordenadora do “Formação contínua do professor de inglês: um contexto para a reconstrução da prática”, programa desenvolvido pela Cultura Inglesa São Paulo, em parceria com a PUC-SP.
O debate sobre os caminhos para o ensino da língua inglesa na América Latina e Caribe será tema do evento 11º Labci/British Council Fórum de Políticas Educacionais da Língua Inglesa na América Latina e Caribe.
A especialista destaca que muitos professores chegam às salas de aula sem ter o devido preparo para dar aulas de inglês. “Mas a culpa não é do docente, pois este muitas vezes tem o domínio do idioma, mas não é capacitado para dar aula e o concurso público geralmente avalia os profissionais por meio de questões de múltipla escolha, o que não garante que escrevam bem em inglês.”
Segundo Walkyria Monte Mór, professora do Departamento de Letras Modernas da Universidade de São Paulo (USP) e co-autora das Orientações Curriculares para o Ensino Médio (Línguas Estrangeiras) para o MEC, a capacitação oferecida para os professores de inglês da rede pública não tem sido suficiente. Por outro lado, ela reconhece que a formação de docentes na universidade também não tem correspondido às diferenças e necessidades que são vivenciadas nas escolas. “Entendo que uma política de ensino preocupada com melhorias na educação precisa enfatizar questões que podem fazer a diferença: programas mais realistas de formação, valorização da profissão e integração das universidades com escolas de educação básica.”
Já Genercida Germano, professora da Escola Estadual Zilda Maria, de Paraisópolis, Zona Sul - que embarca amanhã para os EUA, pois foi contemplada por uma bolsa da Fundação Lemann por sua prática de ensino de inglês na periferia -, destaca o número elevado de alunos em sala de aula como um fator dificultador do processo ensino-aprendizado. “O professor tem de estar bem preparado para lidar com os alunos com dificuldades e ao mesmo tempo que atenda à demanda dos 40 estudantes da sala. Há jovens que na 6ª série não sabem interpretar textos em português.”
Para Carlos Lima, professor de inglês da Escola Municipal CEU São Carlos, Zona Leste, o ensino do idioma ainda é visto como uma disciplina secundária. “Na rede municipal recebemos um caderno de orientação que ajuda no preparo das aulas. No entanto, nas próprias escolas o inglês não é prioridade.”
O MEC, por meio de sua Assessoria de Imprensa, informa que a partir de 2008 o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) vai lançar o edital para livros didáticos para o ensino do idioma. Já a Secretaria Municipal de Educação enviou neste ano às escolas municipais da rede um acervo com 80 dicionários e 468 livros para o ensino de inglês. E a Secretaria Estadual de Educação oferece capacitação a distância aos professores de inglês por meio do programa Interaction Teachers.
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Jornal da Tarde
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