Publicado no Site do Jornal da Tarde de 12/07/07

Histórias que fazem a diferença
Projeto de contadores de histórias traz alegria e diversão para pessoas atendidas em abrigos, creches e associações sem exigir investimento ou especialização

ELENI TRINDADE, eleni.trindade@grupoestado.com.br

Contar histórias para pessoas que vivem em casas de apoio, asilos e abrigos de moradores de rua faz parte da rotina dos voluntários do projeto “Era uma vez” do Centro de Cultura Judaica de São Paulo há mais de 10 anos.

Gastando pouco - com os livros para preparar as apresentações e transporte próprio até as entidades -, eles conseguem fazer com que pessoas pouco assistidas pela sociedade voltem a sonhar. Eles doam um pouco do seu tempo e recebem em troca a satisfação por fazer a diferença na vida dessas crianças, jovens e adultos.

“Nosso objetivo é levar a fantasia para pessoas pouco assistidas com histórias de personagens fictícios que passam por dificuldades e dão a volta por cima”, conta Teresita Rubinsteinn, coordenadora e voluntária do projeto. “Eles começam a ter esperança e a pensar que, se o personagem da história conseguiu, eles também podem”, acrescenta. Com as visitas do projeto, também aumenta a auto-estima dessas pessoas, pois elas gostam de contar alguns casos e se tornam o centro das atenções no grupo.

O projeto atende a 8 instituições e tem 20 voluntários, que se reúnem todo mês para planejar as atividades e as visitas feitas a cada 15 dias.

Vocação

“Qualquer pessoa pode ser voluntária desde que tenha tempo disponível durante a semana e responsabilidade para assumir os compromissos”, acrescenta Teresita, que levou o marido há 5 anos para também ser voluntário no projeto. “A participação masculina ainda é pequena, com somente 5 homens no grupo, mas é muito importante, principalmente para as crianças que não tiveram um pai”.

Além de incentivar pessoas próximas a serem voluntárias, os contadores também inspiram vocações nos atendidos pelo projeto. A adolescente R. S. O., de 14 anos, por exemplo, já sabe o que quer fazer para ajudar outras pessoas: ser contadora de histórias. R. vive no Abrigo Municipal Marly Cury - uma das entidades atendidas pelo “Era uma vez” - porque não tem família: é filha de pai desconhecido e a mãe é usuária de drogas que vive pelas ruas se prostituindo para manter o vício. “Quando o pessoal do projeto chega, eu páro tudo que estou fazendo para ouvir as histórias”, afirma a garota, que já treina a contação de histórias quando ajuda a colocar os menores para dormir.

“As crianças ficam muito felizes com a visita do grupo “Era uma vez” e realmente prestam atenção quando eles contam as histórias. R. é uma das que mais prestam atenção e demonstra vontade de ser uma contadora de histórias. Assim que soubermos de um curso ou oficina, vamos tentar matriculá-la”, conta Ana Maria Pacheco, coordenadora pedagógica do abrigo.

PARA SER CONTADOR DE HISTÓRIAS

>>A Associação Viva e Deixe Viver existe há 10 anos e conta com apoio de voluntários para contar histórias para crianças e adolescentes hospitalizados.

>>Para participar, é preciso passar por um processo de seleção e treinamento especializado.

Informações pelo telefone 11-3081-6343 ou pelo site.

>>Para quem aprender mais sobre ser um contador de histórias, o Centro de Voluntariado de São Paulo realiza periodicamente encontros sobre o tema.Para verificar a programação, entre em contato pelo telefone 11-3284-7171 ou pelo site.

>>O Centro de Referência da Cidadania do Idoso da Secretaria Municipal da Assistência Social também promove oficinas para contadores de histórias. Informações pelo telefone 11-3255-5302

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