Eletrodo reabilita funções cerebrais de paciente |
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Publicado no Site do Jornal O Estado de São Paulo de 02/08/07 |
Eletrodo reabilita funções cerebrais de paciente
Estimulação elétrica do tálamo fez homem voltar a interagir após 6 ano
Veja vídeo sobre o experimento
Carlos Orsi
A estimulação elétrica do tálamo, uma estrutura do interior do cérebro, permitiu que um paciente de 38 anos - vítima de agressão que o deixou em estado mínimo de consciência há 6 anos - voltasse a interagir com a família e a se alimentar sem a necessidade de tubos. O experimento, realizado por cientistas da Clínica Cleveland, do Instituto JFK Johnson de Reabilitação para Ferimentos da Cabeça e da Faculdade de Medicina Weill Cornell, é descrito na edição desta semana da revista Nature.
'Agora, meu filho pode comer, se expressar e nos avisar quando sente dor', declarou a mãe do paciente. 'Ele desfruta de uma qualidade de vida que não acreditávamos possível.'
Diferentemente do coma, quando o paciente parece dormir sem nunca acordar, e do estado vegetativo persistente, no qual o paciente às vezes parece estar acordado, com os olhos abertos, mas sem mostrar sinais de consciência organizada ou propósito, no estado de consciência mínima o paciente às vezes parece capaz de agir com propósito e atingir um certo grau de consciência.
Antes do tratamento com estímulos elétricos, dizem os pesquisadores, o paciente tinha uma capacidade de comunicação 'inconsistente', com movimentos tênues dos olhos ou dos dedos.
'Agora, ele regularmente usa palavras, gestos, e responde rapidamente a perguntas', afirma um dos responsáveis pelo estudo, o médico Joseph Giacino, do Instituto JFK Johnson.
Ele também é capaz de imitar movimentos como o de escovar os cabelos, embora seja incapaz de realizar a tarefa sozinho por causa da atrofia dos braços, resultado dos anos de inatividade. Segundo o principal autor do trabalho, Nicholas Schiff, da Weill Cornell, o homem continua fisicamente deficiente e requer ajuda constante.
MAIS TESTES
A técnica utilizada é chamada Estimulação Profunda do Cérebro (DBS, na sigla em inglês), já usada em alguns casos de mal de Parkinson. Ela envolve a introdução cirúrgica de dois eletrodos no cérebro, que são alimentados por baterias de marcapasso, colocadas no peito.
Os autores do trabalho fazem a ressalva de que ainda é preciso realizar mais testes em outros pacientes para determinar se a técnica realmente poderá ser útil para um grande número de vítimas de dano cerebral grave.
Em comentário que acompanha o artigo da Nature, os pesquisadores Michael Shadlen e Roozbeh Kiani, que não participaram do estudo, dizem que, além de aguardar novos testes, é preciso ter em mente que a estimulação do tálamo pode não ser uma solução geral para todos os tipos de dano cerebral. Eles afirmam que o tálamo é uma estrutura ainda pouco compreendida, mas que a parte mais bem conhecida 'transmite informação dos olhos, ouvidos e pele' para o cérebro.
http://txt.estado.com.br/editorias/2007/08/02/ger-1.93.7.20070802.5.1.xml
Jornal O Estado de São Paulo
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