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A sonoridade da cena paulistana


Publicado no Site do Jornal O Estado de São Paulo de 08/08/07

A sonoridade da cena paulistana
Criadores de trilha sonora falam sobre seu trabalho

Beth Néspoli

Há espectadores que saem do teatro comentando a música executada numa determinada cena ou um gesto mínimo do ator. Outros se emocionam profundamente, mas são incapazes de lembrar de um fundo sonoro ou detalhe de figurino. Na definição de Tunica, a mais premiada criadora de trilhas dos palcos paulistanos, em cartaz com Salmo 91, esses são os espectadores ‘emocionais’.

Gente assim certamente ficou transida com o clima claustrofóbico de Zona de Guerra, mas não detectou, racionalmente, o papel da trilha criada por Eduardo Agni nessa sensação. O mesmo pode-se dizer de quem ficou com a respiração suspensa por espetáculos densos como Estação Paraíso, dirigido por Roberto Lage com trilha de Aline Meyer. Ou acompanhou fascinado a trilogia bíblica do Teatro da Vertigem, cujas trilhas foram criada por Laércio Resende.

Qual o papel da música no teatro? Apenas ‘reforçar’ climas como muitos ainda pensam? Afinal, existe formação para atores, diretores e críticos, mas ainda não há uma escola específica para o criador de trilhas sonoras. O Estado resolveu ‘escutar’ esses artistas e, para isso, enviou cinco perguntas sobre essa sonora arte para quatro entre os muitos profissionais reconhecidos da cidade. As respostas variaram na mesma medida em que são singulares as suas criações, mas todas ressaltam o caráter coletivo da atividade teatral ao valorizar o ‘diálogo’ com os demais elementos como característica essencial de uma boa trilha sonora.


1 É comum pensar na trilha sonora como reforço de climas, atmosferas. É essa a função?

Tunica - Realmente é comum pensar como um reforço, mas não é sempre assim. Acho que nada no teatro é um reforço. Se alguma coisa está sendo reforçada é porque está mal colocada. Tudo no teatro é linguagem, uma combinação fantástica de várias linguagens para se dizer uma verdade só, que é o espetáculo teatral. Uma arte não reforça nada. Ela diz. Quando me perguntam com o que é que eu trabalho, eu respondo: 'Com teatro!' Eu não respondo com música porque não é toda a verdade. Costumo explicar que um engenheiro não é um cenógrafo. Ele até pode ser um cenógrafo, depois que ele se tornar um cara de teatro. Um músico não faz uma trilha sonora se não for um cara de teatro. O importante no teatro é o teatro.

Aline - Sim, dentre outras! O que se sente ou percebe como clima ou atmosfera é uma noção inicialmente vaga e abstrata, porque decorre tanto do contexto mais 'palpável' do texto em si como da proposta cênica, e muito da atuação do intérprete. É erro pensar que a trilha poderá criar esse clima por si só. Na condição de reforço, ela só vai cumprir bem sua função se a cena em seu todo (ambientação cênica, interpretação) estiver solidamente construída. Quando ela tiver de cumprir a função de 'cenário', ou seja, criar um ambiente físico no qual a cena acontece, é claro que podemos direcionar a sonoridade, por mais realista que se deseje, para um clima ou outro. Por exemplo, uma estação de trem: podemos reforçar um clima de abandono colocando os passos de uma só pessoa a distância, um apito mais longo, ou se for movimentada, acentuar a eventual ansiedade, atraso ou alegria de chegada de um personagem dosando a multidão, os avisos típicos, mais crianças ou não, etc.

Láercio - Pode ser esta uma dentre várias funções. Depende especialmente de que plano a trilha ocupa em determinado momento. Se ela é o foco, ou se está sob uma fala ou ainda acompanha uma movimentação. No caso do Teatro da Vertigem, uma vez que esta movimentação pode ser tanto de ator como de público, a trilha ainda pode ter a função de direcionamento. Como exemplo, desvia a atenção do espectador e o induz a caminhar na direção da fonte sonora.

Eduardo - Particularmente acredito que a função da trilha não seja apenas de reforçar, mas também de criar atmosferas e, até mesmo, de propiciar a instauração de um determinado clima necessário à plenificação da cena.


2 Uma boa trilha é aquela ouvida sem

http://txt.estado.com.br/editorias/2007/08/08/cad-1.93.2.20070808.5.1.xml

Jornal O Estado de São Paulo

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