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Ex-interna da Febem entra na faculdade


Publicado no Site da Globo.com em 22/08/2007

Com nota alta no Enem, ex-interna da Febem entra na faculdade

Garota de 19 anos ainda está em liberdade assistida.

Ela está cursando administração numa faculdade na região de Ribeirão Preto.
Luísa Brito

Do G1, em São Paulo
Sem escrivaninha no quarto, a garota costuma estudar na mesa da cozinha.
Os dois anos na Fundação Casa (ex-Febem) não fizeram com que Carolina (nome fictício), 19 anos, desistisse dos planos de cursar uma faculdade. Estudiosa, ela fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem ) no ano passado, durante o período que ficou na instituição. Tirou 81,27 (numa escala de 0 a 100), e garantiu uma vaga num curso superior pelo Programa Universidade para Todos (ProUni), do Governo Federal, que dá bolsas de estudos em entidades privadas.


O G1 não pode divulgar o nome verdadeiro da jovem porque ela está em liberdade assistida até o final do mês. Carolina foi presa por tráfico de drogas e depois do tempo na fundação, recebeu o benefício de poder ficar em casa contanto que frequente atendimento especializado semanalmente.


A nota da estudante no Enem foi superior à média nacional dos participantes do exame em 2006 que tiraram 42,95. A pontuação da ex-interna também foi maior que a média da escola que apresentou o melhor desempenho do Brasil, o colégio piauiense Dom Barreto, com nota de 74,71.

Carolina é extrovertida e fala de forma articulada. Não evita nenhum assunto e não se encabula quando é questionada sobre os problemas que causaram sua prisão.

Desde o começo deste mês, ela cursa administração, à noite, numa entidade privada na região de Ribeirão Preto. A jovem pediu para omitir o nome da faculdade porque teme sofrer preconceito dos colegas que não sabem que ela é uma ex-interna. “Vou contar para eles depois que me conhecerem bem. Já pensei até como vou falar, na frente da sala, para todo mundo ouvir. Sei que depois eles vão me fazer um monte de perguntas, mas não me importo, quero explicar o que é viver na Febem”, diz ela. “Não é um lugar bom, mas ajuda quem está disposto a mudar”, completa.

A graduação não é exatamente o que ela queria, preferia serviço social, mas não havia vaga para este curso. Persistente, diz que vai cursar a graduação que realmente quer depois que concluir administração. O gosto pela área veio do contato com as assistentes sociais da Fundação Casa. “Elas sabem conversar e me ajudaram muito”, relata.

Única entre os seis irmãos
Moradora da região de Ribeirão Preto, a cerca de 300 km de São Paulo, e filha do meio de uma família de seis irmãos, Carolina foi até agora a única a concluir o ensino médio. Sua mãe, uma agricultora aposentada de 46 anos, é semi-analfabeta e não entende bem o que é fazer uma faculdade. Nem comemorou quando soube que a filha havia conseguido uma vaga. "Ela ficou normal, como não estudou, não sabe direito o que é isso [faculdade]", conta Carolina.

Calada, a agricultora diz que não gosta de falar e se limita a dizer que desde cedo colocou os filhos na creche e na escola porque não tinha com quem deixá-los. “Meu marido me abandonou quando essa menina tinha 3 anos, criei todos sozinha.” A família (Carolina, um irmão e uma irmã, além da mãe) vive numa casa de três quartos que foi construída num terreno doado pela prefeitura num bairro pobre da cidade. A mãe ganha um salário mínimo de aposentadoria.

A falta de estímulo em casa não atrapalhou Carolina a se dedicar aos estudos. "Nunca faltava à aula e prestava atenção em tudo o que os professores diziam, não ficava conversando", conta. Ela diz que sua matéria preferida era ciências, porque tinha curiosidade de entender o funcionamento do corpo humano. Ela cursou o segundo e terceiro ano do ensino médio na fundação e diz que o lado bom é que lá tinha mais tempo para estudar.


http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL91410-5604,00.html

Globo.com

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