Vaticano vai compensar emissões plantando árvores |
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Publicado no site Terra.com em 17/09/07 |
Vaticano vai compensar emissões plantando árvores
Elizabeth Rosenthal
Nas últimas semanas, os cardeais do Vaticano aceitaram uma doação incomum de uma empresa iniciante húngara chamada Klimafa. A empresa anunciou que plantaria árvores para restaurar uma antiga floresta em uma porção de terra nua ao largo do rio Tisza, a fim de compensar as emissões de carbono do Vaticano.
As árvores recém-plantadas em um terreno de 15 hectares que passará a ser conhecido como "Floresta do Clima do Vaticano" em teoria absorverão tanto dióxido de carbono quanto o Vaticano produzirá com suas diversas atividades em 2007, incluindo o uso de automóveis, o aquecimento de escritórios e a iluminação noturna da basílica de São Pedro. Ao fazê-lo, o Vaticano anunciou que se transformaria no primeiro Estado do mundo a neutralizar suas emissões de carbono.
"Como declarou recentemente o papa Bento XVI, a comunidade internacional precisa respeitar e encorajar a 'cultura verde'", declarou o cardeal Paul Poupard, líder do Pontifício Conselho da Cultura, que tomou parte em uma cerimônia de celebração da doação no Vaticano "O livro do Gênesis nos conta de um começo no qual Deus colocou o homem na Terra para que exercesse sobre ela o papel de guardião, e a tornasse frutífera".
Em muitos aspectos, o programa parece ser uma proposição benéfica para todos os interessados. O Vaticano, que recentemente promoveu um esforço próprio para melhorar suas credenciais ecológicas, por meio da instalação de painéis solares, está procurando dar um exemplo ao mundo por meio da compensação de suas emissões de carbono.
A Hungria, que está fornecendo cientistas de seu governo como consultores ao projeto, receberá grandes trechos de terras abandonadas e ambientalmente degradadas restauradas como florestas nativas. Isso terá efeito benéfico sobre o clima do país e gerará empregos em uma região economicamente deprimida.
A Klimafa, uma empresa criada 18 meses atrás, receberia o selo de aprovação do Vaticano e publicidade grátis para seu primeiro projeto. Além do Vaticano, diversos governos europeus, bem como a fabricante de computadores Dell, adotaram projetos de compensação de emissões de carbono que serão implementados por meio do plantio de árvores em uma ilha de 222 hectares.
"Parece uma resposta óbvia, mas pouca gente a está adotando", disse David Gazdag, da Klimafa, que intermediou o projeto com apoio da Planktos Internacional, matriz de sua empresa, sediada em San Francisco, cuja especialidade é a restauração de ecossistemas.
Mas criar e vender "compensações" ou "créditos" pela emissão de carbono continua a ser um conceito novo para a economia e para a ciência, e o debate sobre a idéia está longe de decidido. O cálculo no que se refere ao plantio de árvores é especialmente complicado.
Plantar florestas é "só uma solução parcial, e temporária", disse Laszlo Galhidy, um especialistra em florestas do grupo ambiental WWF Hungria, ainda que tenha elogiado o projeto e o considere útil. Florestas jovens - formadas por árvores em crescimento - absorvem muito dióxido de carbono, mas quando as árvores amadurecem a absorção se reduz muito, ele afirmou.
Além disso, acrescentou, não existe um sistema científico capaz de prever a capacidade exata de absorção de carbono de um projeto como a floresta do Vaticano; os resultados do projeto dependerão das precipitações pluviométricas, da temperatura e da velocidade de crescimento das árvores.
A Klimafa estima o valor de sua doação ao Vaticano em US$ 130 mil, levando em conta o valor de US$ 28 por licença de emissão de uma tonelada de carbono atualmente praticado no mercado da União Européia.
The New York Times
http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI1913733-EI8278,00.html
The New York Times
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