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O ar que São Paulo respira


Publicado no Site do Jornal O Estado de São Paulo de 18/09/07

O ar que São Paulo respira


A frota de veículos da cidade de São Paulo cresce em ritmo oito vezes mais rápido do que o crescimento da população. No primeiro semestre do ano foram emplacados diariamente, em média, 870 veículos - 635 automóveis e 235 motocicletas -, conforme dados do Detran. Os veículos que circulam pela capital são responsáveis por 92% da poluição do ar. Em um ano, apenas os novos veículos que entraram em circulação serão responsáveis por um aumento de 5% da emissão dos principais poluentes. Isso implica acréscimo de 20% na procura pelos prontos-socorros por pacientes com doenças respiratórias e de até 10% nas internações. Um estudo do Instituto de Climatologia da USP revela que, se o crescimento da frota paulistana continuar nesse ritmo, até 2020 os níveis de ozônio crescerão 74%.

Falta de planejamento é a causa principal desse cenário abrumador. Durante pelo menos quatro décadas, os governos municipal e estadual se omitiram diante da necessidade de modernizar e ampliar o transporte público na capital. Projetos tacanhos, investimentos tímidos e a interferência de muitos interesses políticos e econômicos impediram que São Paulo tivesse um serviço de transporte público de qualidade, que teria evitado o crescimento desenfreado do trânsito de automóveis e motos nas ruas da cidade.

Além de não investir em transporte sobre trilhos e no sistema formal de ônibus com a necessária velocidade e amplitude, os governos estadual e municipal foram negligentes quanto à ocupação do solo da cidade e da região metropolitana, permitindo que a cidade se espalhasse por periferias cada vez mais distantes, degradando as áreas de proteção ambiental. Isso comprometeu gravemente a qualidade da água e do ar, além de exigir deslocamentos cada vez maiores entre casa, trabalho, escola e serviços públicos. Mais deslocamentos, mais veículos nas ruas, mais poluição.

Também não se cuidou da expansão da malha viária, tanto para acomodar o crescimento da frota provocado pela inexistência de transporte público adequado como para permitir que ônibus circulassem com velocidade, segurança e racionalidade de trajetos, condições necessárias para a população deixar os carros nas garagens.

Saturação das vias públicas, 6 milhões de veículos em circulação, multiplicação de motos nos serviços de entrega rápida (esses veículos poluem duas vezes mais do que um automóvel), áreas de preservação degradadas e lentidão nas decisões constituem desanimadoras perspectivas para o futuro de São Paulo. No ano passado, os carros lançaram na atmosfera 852.600 toneladas de monóxido de carbono, as motos, mais 254 mil toneladas de poluentes, e os caminhões, 372 mil toneladas.

Em um ano, somente os veículos novos emitirão 79,2 mil toneladas de monóxido de carbono, 20,8 mil de hicrocarbonetos, 5,9 mil de óxidos de nitrogênio, 323 toneladas de óxidos de enxofre e 46 toneladas de material particulado.

Há dias, a umidade do ar caiu para 12% em algumas regiões da capital, potencializando os efeitos da poluição do ar. As unidades da rede pública de saúde estão lotadas e, neste mês de setembro, normalmente um mês de movimento baixo, os prontos-socorros e atendimentos de emergência estão em alerta total.

Especialistas defendem mudanças de comportamento que julgam capazes de evitar o caos. Mas os hábitos só mudarão se à população forem oferecidas opções eficazes de transporte. O rodízio dos veículos - que não evita congestionamentos crônicos - é a maior prova da ineficiência das medidas impostas sem a oferta de um serviço de transporte público de qualidade. Em São Paulo, uma grande parcela da população adquiriu carros velhos para não se sujeitar ao rodízio, o que resultou num agravamento da poluição do ar.

A inspeção obrigatória dos veículos, que analisa, entre outros itens, a emissão de poluentes, é agora a principal aposta da Prefeitura de São Paulo no combate à poluição. É uma medida necessária. Mas, sem um plano global de melhoria do planejamento urbano e do transporte público, a poluição não vai diminuir.



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Jornal O Estado de São Paulo

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