As desconhecidas origens da cidade antiga |
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Publicado pelo Sítio do Jornal da USP Online no dia 01/10/2007 |
As desconhecidas origens da cidade antiga
Expedição de arqueólogos da USP ao sul da Itália – região conhecida na Antigüidade como Magna Grécia – contesta história tradicional e mostra que colônias gregas contribuíram para a formação da pólis
NATÁLIA KERI, ESPECIAL PARA O JORNAL DA USP
Na pequena cidade de Siracusa, ao sul da Itália, um templo a Apolo do século 6 antes de Cristo convive com uma rua ocupada por lojas sofisticadas e uma tradicional feira livre siciliana. As cidades, construções e monumentos históricos da antigüidade grega e as relações desse patrimônio com as estruturas urbanas atuais foram os principais pontos de interesse da expedição audiovisual realizada por pesquisadores do Laboratório de Estudos sobre a Cidade Antiga (Labeca) do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP às cidades de Siracusa, Naxos e Taormina. Os primeiros resultados da viagem estão na mostra fotográfica “A Cidade Antiga em Cena”, em cartaz até o fim do ano no MAE.
As visitas científicas, realizadas entre 5 de maio e 8 de julho deste ano, tiveram como objetivo captar imagens sobre a região no sul da Itália conhecida no passado como Magna Grécia. Ali, a partir do século 8 antes de Cristo, se desenvolveram três dezenas de colônias gregas. Liderada pelas professoras Maria Beatriz Borba Florenzano e Elaine Hirata, a equipe do Labeca fez 17 horas de gravações em audiovisual e tirou 10 mil fotografias. Esse material será utilizado para a produção de um documentário científico de 26 minutos, a ser distribuído para escolas
do ensino fundamental e médio. Servirá também para pesquisas vinculadas ao projeto temático Cidade e Território na Grécia Antiga – Organização do Espaço e Sociedade, do qual o Labeca é parte integrante.
As imagens captadas durante a expedição se encontram num banco de dados arqueológicos do Labeca, aberto à consulta de pesquisadores e professores interessados na história da cidade antiga. Segundo a professora Elaine Hirata, esse trabalho de organização e disponibilização de informações é importante para o trabalho de pesquisadores da sociedade grega antiga que não têm possibilidade de contato com as fontes primárias de conhecimento sobre o tema. O Labeca planeja publicar uma página eletrônica até o fim deste ano para disponibilizar esse material via internet.
Vestígios – A pesquisa de fundo do Laboratório de Estudos da Cidade Antiga, coordenado pelas professoras Maria Beatriz e Elaine, procura desvendar a contribuição das colônias gregas do mediterrâneo ocidental para a formação do modelo de cidade conhecido como pólis, que predominou no mundo grego antigo. Os estudos têm como base vestígios materiais relativos aos usos e à organização do espaço nas povoações da Grécia antiga. Abrangem os períodos arcaico, clássico e helenístico, ou seja, entre os séculos 8 e 2 antes de Cristo, desde a fundação das primeiras colônias até o período de dominação da Grécia pela Macedônia.
Até agora, os historiadores afirmam que os colonizadores gregos reproduziram nas regiões distantes o modelo de cidade que deixaram no continente. Mas as pesquisas do Labeca – e de outros grupos de arqueólogos do Brasil e do exterior – têm mudado essa visão. Segundo a professora Elaine Hirata, textos posteriores à colonização, como os de Tucídides, e a datação de materiais, instrumentos, cerâmicas e construções indicam que a fundação das colônias e a estruturação das cidades gregas foram fenômenos contemporâneos. Os dados indicam que a pólis surgiu a partir de um processo de experimentação, de multiplicidade de experiências trocadas entre a cidade e a colônia. A contribuição das colônias gregas ocidentais na gênese da pólis se deu de forma mais intensa no arranjo urbanístico. “Foram definidas as áreas de habitação, com ruas dispostas em forma regular, ortogonal, e espaços especializados, como necrópoles e áreas de reuniões, como a ágora”, afirma Elaine.
Herança grega – Na expansão da cidade de Siracusa, hoje com mais de 120 mil habitantes, foi mantida a malha urbana das cidades antigas. “Era uma solução bem p
http://www.usp.br/jorusp/pag13.htm
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