O teatro enfrenta o silêncio |
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Publicado no Portal Folha Online do dia 15/10/2007 |
Silencia os ruídos da história do teatro nesse país, por um momento, e escuta o imenso vazio. Minha alma acordou assim, sem uma resposta cálida, terna, medida da sabedoria, cheia de humor. Paulo Autran é o homem que mais amou o teatro. Isso parece simples, mas é mais importante que tudo. Todos nós deveremos lembrar isso daqui em diante.
Sobre toda a experiência teatral; sobre toda a idéia; sobre todos os conceitos, emoção; sobre todos os instintos; sobre todo talento, vocação; sobre toda memória, sentidos, educação, cultura, política; sobre o tempo ruim e mesmo sobre o bom tempo, o amor desse homem pelo teatro será a regra.
Paulo é só um dos responsáveis por eternizar a poesia de Shakespeare, Beckett ou Molière, por exemplo, e mesmo sofrendo a exaustão da repetição através dos séculos, repetia porque amava cada minuto de sua vida no palco. E um minuto desse amor é mais forte que um século de silêncio.
É por isso que ouço esse vazio que vem da rua, da praça, da cidade, que toca o país e a própria história. Por um momento, ninguém responde a Desdêmona sua pergunta: "Deixa que eu viva esta noite?".
Paulo aplicou, por vezes, seu grande repertório às pequenas coisas porque sabia que o teatro está também além da obra artística. Ele é uma forma de amor e é assim que precisa ser tratado.
Juca, Antunes Filho, Fernanda, Nanini, todo o jovem teatro desse país, enfrenta o silêncio que faz nessa cidade desde sexta-feira à tarde.
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Folha Online
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