3º Lugar - Poesia
“Sintonia”, de Êrika Alice Furtwaengler
(E. E. Prof. Oswaldo Ranazzi; D.E. Sto. Anastácio; Sto. Anastácio)
Sintonia
A planície cultivada,
ondulada pelo vento,
desliza paralela,
à janela
do ônibus,
e semeia a superfície
de minhas retinas
mansamente comovidas.
Veja tais hastes maduras!
Cresceram quanto puderam
para colocar-se ao alcance
das mãos ceifadoras,
onde o ouro das espigas
desfaz-se em grãos,
e quem colhe as sementes do pão,
quentes do claro sol,
colhe o calor da vida...
É necessária tanta
e tal serenidade,
e confiança na raiz que brotou
da irreprimível semente,
e nas sementes vindouras
suspensas em suas ramas
até voltarem ao chão.
Os trigais ondulantes
flutuam calmamente
nos vidros brancos que mostram
a corrida desses campos.
Dedos leves na janela,
enquanto a paisagem se esvai,
assim,
tocam a breve passagem
da terra e de seus frutos.
Necessário ser e estar presente,
das hastes, folhas, flores, filhos,
até a raiz/semente.
Esse é o ciclo e na viagem
por mim rola a fertilidade
da paisagem,
ela e eu em comunhão.
Descanso a cabeça
na poltrona,
os olhos agora fechados,
mas tudo, tudo se guardou
como outra semente plantada
no fundo escuro em mim,
até a germinação.
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