Menção Honrosa - Poesia
“Momentâneo”, de Fiorcostante Ferrari
(E.E. Peixoto Gomide; D.E. Itapetininga; Itapetininga)
Momentâneo
Avanço na noite em passos
Pesados por entre as árvores
Pejadas de dor urbana.
Materiais suspendem cantos
Que os meus passos silenciam
Em busca de solução
De equação, exato cálculo
Para gente adormecida
E no mundo que ainda gira.
Em inverso movimento
Ao chão que retém os pés
Lança-me no vento força
Dor aérea, desconhecida.
E suspenso vejo o mundo
Com os olhos que me arrancam
Ao campo de gravidade.
Desgosto de não ter asas
E que em galhos pés agarrem
Na débil presença do anjo
Que agora me soerguia.
A palavra que me guia
Perdera o senso das coisas.
Alçado estive distante
De tudo para melhor
Compreender o movimento
Que ferve na carne humana
Nas noites quentes de amor.
É ímpar brotar da terra
Célula, mato e política
E as regras da matemática
Provando tudo que é nada
Pedindo de mim paciência
Para parar de pensar
Que temos pensado muito
Vivemos de sobreaviso
Marcados pelo mercado
Das taxas, fumaças, bolsa
BOVESPA, tráfego, fome
Cafés, cigarros e beijos...
Que temos pensado muito
-Balanças de sobreaviso!
-Marcados pelo mercado.
Cospe-me a válvula aberta
À engrenagem do cosmos
E amadureço qual fruta
Inocente da doçura
De um dia ter visto flores
Que ganham em seiva e vida
Distantes do parlamento.
Em dístico ao sol nascente
Hélio e flor comigo ao chão.
Ando a noite que em mim anda
Volto escuro para a casa
Sob chuva noturna e mansa.
A esquina na noite azul
Ainda aguarda a madrugada.
<< Voltar |