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Boa noite
Segunda-Feira , 18 de Março de 2024
>> O Professor Escreve Sua História
   
 

Força comunitária


Prof ª. Denise Falci

Nossa escola localiza-se em bairro pobre, perto de uma favela. Por isso, só era escolhida por professores quando outras já estivessem lotadas.

Era alvo dos ataques de favelados, que a depredavam, quebravam vidros, sujavam. O curso noturno fora fechado por falta de segurança para alunos e professores.

Nos arredores, o desemprego era grande; a falta de higiene, lamentável.

Tudo faltava no bairro: asfalto, água tratada, luz em várias ruas. Enfim, não havia infra-estrutura e a população crescia, crescia.

Até que, por uma dessas coincidências providenciais, dois jovens idealistas se uniram com toda a força de trabalho: o novo prefeito e o recém-empossado diretor.

Começaram por formar um Conselho Comunitário: equipes de planejamento e de atuação, junto com a APM. As reuniões eram feitas em nossa escola.

Para atrair os pais dos alunos - favelados, em sua maioria - a prefeitura ofereceu-lhes emprego como garis. Além disso, caminhão para coleta, carrinhos coletores, vassouras, uniformes e tudo o mais correria por conta do município. A escola entrou no projeto com a conscientização; e os alunos, que se transformaram em minigaris, também remunerados, trabalhariam respeitando o horário das aulas.
Estudou-se a coleta seletiva do lixo: latas, garrafas, plásticos, papéis... tudo colocado em recipientes com cores próprias. Até esses containers foram conseguidos comunitariamente. Postos de gasolina ofereceram tambores e latões vazios, que foram pintados pelos pais dos alunos.

Tudo era feito em mutirão e não apenas nosso bairro ficou limpo, mas toda a cidade.

Uma das equipes de trabalho encarregou-se da recuperação da própria escola: do prédio, das carteiras, de tudo, enfim.

Do consórcio prefeitura-escola nasceu também a padaria comunitária, a qual fornece o pãozinho francês para a merenda de todas as outras escolas e creches.

De dois anos para cá a escola se tornou semiprofissionalizante, quando o município adquiriu várias máquinas para malharia e ofereceu instrutores e monitores, além de construir uma espécie de galpão para abrigar essa nova modalidade de ensino. Não é mister dizer que foi construído pelos pais e que a renda com as malhas - como indústria ou como artesanato - é repartida, metade para o município, metade para a APM e alunos. Também é bom que se diga que com tanta atividade a mais e contando com a amizade de todos, reabriu-se o curso noturno, inclusive para a alfabetização de adultos e supletivo.

Posteriormente, surgiu mais uma iniciativa comunitária: encadernação, feita com aparas de papel que antes eram inutilizadas e jogadas fora. Bloquinhos, cadernos, cartões, tudo feito pelos alunos, sob orientação da professora de Educação Artística.

Resultado de todas essas iniciativas comunitárias: os alunos orgulham-se de pertencer à escola e zelam por sua conservação e bom nome. Favelados não mais a agridem: muito pelo contrário! Ela passou a ser o centro comunitário do bairro: fonte de amizade, saber e bem-estar.

Assim, o patinho feio, aquela escola desprezada e vista de longe - tal a repulsa - tornou-se escola-modelo, alvo de visitas constantes, até mesmo de outros municípios e estados, que querem copiar e reproduzir uma experiência pioneira, que deu certo!


EEPSG "Prof. Roque Bastos" - Ibiúna

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