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Quinta-Feira , 25 de Abril de 2024
 
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Viagem Pitoresca e Histórica pelo Brasil
JEAN BAPTISTE DEBRET

 

O francês Jean Baptiste Debret esteve no Brasil entre 1816 e 1831, quando elaborou uma série de "pranchas"(desenhos) que foram inseridas na sua obra Voyage Pitoresque et Historique au Brésil, organizada e escrita depois de seu retorno para a França. A publicação ocorreu em Paris, em 1834, por Firmin Didot frères.

Na sua volta à França, muitos amigos o incentivaram a lançar uma obra literária relatando sua viagem, tomando como base seus desenhos e notas feitos no Brasil. Para viabilizar a publicação o francês elaborou textos que complementavam as imagens.

Debret afirma nos seus escritos que desejava "compor uma verdadeira obra histórica brasileira, em que se desenvolve progressivamente uma civilização que já honra esse povo, naturalmente dotado das mais preciosas qualidades, o bastante para merecer um paralelo vantajoso com as nações mais brilhantes do antigo continente". Para o artista, suas pinturas e notas deveriam ser bastante impessoais, não registrando suas impressões, devendo, portanto, retratar a natureza e a realidade como verdadeiros documentos históricos e cosmográficos.

Voyage Pitoresque et Historique au Brésil foi traduzida para o português por Sérgio Milliet em meados do século XX e é composta por três tomos. O primeiro apresenta os índios e aspectos da mata e de outras formações vegetais nativas; o segundo volume concentra-se nos escravos negros, no pequeno trabalho urbano e nos artesãos e nas práticas agrícolas da época; o terceiro trata de cenas do cotidiano, das manifestações culturais como as festas e as tradições populares.

No livro O Brasil dos Viajantes* é ressaltada a importância do artista:

A contribuição original de Debret está na sua percepção da paisagem. Certamente não da paisagem natural. Mas da paisagem do campo, que revela a visão da natureza cultivada, transformada, pela qual penetra efetivamente na História, e naquela que se fazia a partir do Brasil, da monocultura. Também na percepção da paisagem urbana, enquanto lugar de encontro de uma sociedade heterogênea, que apresenta suas relações cotidianas. A sua concepção urbana é a da cidade fachada, construída como um cenário para a ação predominantemente teatral dos atores sociais, visto com certa graça e ironia. Coube ao gosto neoclássico da missão de artistas franceses, entre outras coisas, a construção do cenário político e o décor do cerimonial da corte. Como outra face da mesma moeda, Debret anotaria a festa popular, o entrudo, o séquito religioso da procissão, o enterro de um negro. A cidade do Rio de Janeiro vista pelo pintor é palco e a principal ação é o desfile. As fachadas estabelecem um limite entre as relações públicas e o usos privados. Salvo engano, pode-se afirmar que só Debret tratou do pequeno comércio e dos serviços, que davam ao centro da capital brasileira a fisionomia sui generis, com negros fazendo a barba na rua.[...]

O humor é a face oposta à do equilíbrio ideal e da serenidade clássica, valores reafirmados pelos clássicos do século XIX. [...] Debret, que instaura o que se poderia comparar com uma espécie de realismo crítico. O passeio das figuras triviais é desmistificador como a postura do romance burguês. O século XIX também é capaz de trocar as cenas eternas dos grandes feitos e a soberania pela gente que passa, pelos efêmeros valores do presente, pela feiúra e pela mais viva contradição.

O ponto de vista de Debret é então o do narrador que comenta, com complacência ou ironia. Seu foco são as máscaras e personificações, a pintura histórica de cenas nacionais e domésticas .


* BELUZZO, A. M. de M. O Brasil dos Viajantes. Fundação Odebrecht/Objetiva/ Metalivros, 1999. v.II, p.84.


Fonte:
http://www.bibvirt.futuro.usp.br/imagem/arte/introducao.html
(acesso 30.08.2006)

  Veja também
Biografia de Debret
http://www.crmariocovas.sp.gov.br/grp_l.php?t=036dbr

Pano de boca executado para a representação extraordinária dada no
Teatro da Corte por ocasião da coroação de Dom Pedro I, Imperador do Brasil

http://www.crmariocovas.sp.gov.br/grp_l.php?t=036pb