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Debret - Pano de Boca
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Pano de boca executado para a representação extraordinária
dada no
Teatro da Corte por ocasião da coroação de
Dom Pedro I, Imperador do Brasil |
Fonte:
http://www.bibvirt.futuro.usp.br/imagem/arte/arte.html
(acesso 20.08.2006)
Viagem pitoresca e histórica ao Brasil Tomo 3
ELEMENTOS PARA LEITURA
“Pano de boca executado para a representação extraordinária dada no
Teatro da Corte por ocasião da coroação de Dom Pedro I, Imperador do Brasil” (1822)
Jean-Baptiste Debret
O aumento da importância política e artística do Teatro São João, determinou a sua escolha em 1822 como palco para a consagração do Imperador D. Pedro I. Debret foi encarregado da produção de um pano de boca que representasse o Império Brasileiro e ajudasse a construir a nova imagem do Brasil.
A idéia inicial de Debret, aprovada pelo ministro José Bonifácio de Andrada e Silva, mostrava “a fidelidade geral da população brasileira ao governo imperial sentado em um trono coberto por uma rica tapeçaria”, conforme descrição feita pelo próprio pintor ao reproduzir o pano de boca em sua Viagem Pitoresca ao Brasil. Bonifácio, porém, exigiu uma modificação: que fossem retiradas as palmeiras que sustentavam o dossel sobre o trono, que poderiam sugerir um estado selvagem do Brasil, opondo-se à idéia de um Império Constitucional. Para solucionar o problema, Debret colocou o trono sob uma cúpula sustentada por colunas douradas com formas femininas chamadas cariátides. As palmeiras não desapareceram completamente, mas foram deslocadas para o fundo da tela.
Elementos importantes:
- o trono é ocupado por uma figura feminina alegórica, representando o governo imperial, coroada, caracterizada com as novas cores do Império e trazendo nas mãos as tábuas da Constituição, promulgada somente em 1824.
- a alegoria presente no centro substitue o príncipe e reforça a idéia de um novo governo baseado nas leis e não mais na figura absoluta do monarca.
- a esfera celeste com a inicial “P” do novo soberano D. Pedro, coroada e sustentada por gênios alados identifica a Independência do Brasil perante Portugal.
- os gênios alados, a figura do governo imperial e as cariátides (influências da arte neoclássica) compartilham o espaço com a rica vegetação brasileira: palmeiras ao fundo, frutas tropicais e produtos símbolos do comércio, como o café e a cana-de-açúcar, compondo o cenário real do novo Brasil Independente.
- brancos, negros e índios unidos e armados com foices, machados e armas de fogo defendem a nova terra.
- os índios que sempre resistiram à conquista da terra, aparecem unidos aos soldados: de desbravadores a civilizados, aliam-se aos negros prontos para a colheita e derrubada das matas, promessas de desenvolvimento urbano.
- crianças simbolizam o futuro e a mestiçagem no Brasil.
A idéia de formação de um povo homogêno e civilizado através da aglutinação das raças defendida por José Bonifácio está claramente expressa na obra, assim como, a construção de um Brasil novo, unido e apoiado nas tábuas da lei, digno das suas raças e de seu soberano (representado pela alegoria sentada no trono),unindo a realidade cotiadina brasileira à idealização da pátria. Essa imagem atualizada é que deveria ser passada ao público naquele novo momento político.
A composição foi cuidadosamente pensada e calculada, desde a posição da alegoria com o escudo e as tábuas da lei até a união dos elementos nacionais perante a alegoria formando uma unidade que convence e traduz, por meio da imagem, o contexto político de 1822, os ideais de uma nova pátria dentro de um espaço artístico que ganhava cada vez mais importância: o teatro.
Debret fez circular nos jornais do Rio de Janeiro, uma nota explicativa detalhando o significado das representações presentes na obra:
“Pintor do teatro, fui encarregado do novo pano, cujo esboço representava um ato de devoção geral da população brasileira ao governo imperial, sentado em seu trono à sombra de uma rica tapeçaria estendida sobre palmeiras. Essa composição foi submetida às observações do primeiro-ministro José Bonifácio, que a aprovou. Ele apenas me pediu que substituísse as palmeiras naturais por um motivo arquitetônico regular, para afastar toda idéia de estado selvagem”.
( DEBRET, J. B.apud. STRAUMANN, Patrick. Op. cit. p. 10.)
Fontes:
Pano de boca para a coroação de D. Pedro I, de Jean-Baptiste Debret por Elaine Dias. In: Revista Nossa História, ano I nº 11, Biblioteca Nacional, set. 2004 pág. 25 a 27
O lugar e o medo: ordem e segurança no Rio de Janeiro – palestra proferida por Vera Malaguti Bastista no 1º Congresso de Gestão Política Municipal, na Fundação João Goulart da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, em março de 2004.
( http://www.pdt-rj.org.br/colunistas.asp?id=40 - acesso 30.08.2006)
Veja também |
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