"A criação de uma proposta filosófico-política
e de uma proposta pedagógica tem de levar em conta
também a segunda pergunta colocada no início
desta reflexão: "Quem são os alunos com
os quais vamos trabalhar? Que características têm?".
Qualquer proposta fracassará se não levar
em conta a clientela a que se destina - no caso da Escola
Pública, essa clientela é composta primordialmente
de crianças das camadas populares, apresentando um
cultura e um dialeto, em geral, diferentes daqueles que
a escola usa e deseja generalizar. Porém, quando
dizemos: levar em conta a clientela da camada popular, não
significa um "barateamento do currículo",
um "empobrecimento dos conteúdos" ou uma
"diminuição das exigências."
"Em todos esses trabalhos, o que sobressai, como
principal fator para o sucesso da escola, é a presença
de um supervisor que vê sua tarefa como essencialmente
pedagógica, que está junto com os professores,
discutindo com eles os problemas e buscando as soluções,
conhecendo as crianças, enfim, o fato de a escola contar
com alguém preocupado com o ensino e que busca meios
de auxiliar o professor a tornar sua tarefa menos árdua
contribui sobremaneira para o sucesso da escola."
"Entretanto, vemos crescer a convicção
de que um supervisor com visão pedagógica de
sua tarefa, desenvolvendo seu trabalho junto e com os professores,
é o mais forte agente de formação e transformação
da prática do professor."
"Parece-nos, pois, que professores e supervisores
devem colocar a força do trabalho de avaliação
na construção do conhecimento pelo aluno, nas
aprendizagens específicas, de acordo com a proposta
filosófica-política que apresentamos no início.
Obviamente, enquanto o aluno estiver realizando todo esse
processo intelectual, está desenvolvendo e crescendo
como pessoa. Entretanto, a avaliação destes
aspectos não-cognitivos não é o foco
de avaliação na escola."
"GIMENO (1988) também discute esta questão,
afirmando que a seleção de uma técnica
de avaliação expressa uma opção
educativa. Os supervisores precisam discutir este aspecto
com os professores, pois o modo de coletarem dados para a
avaliação pode interferir no processo de construção
do conhecimento pelos alunos, os quais são muito hábeis
para captar o que o professor deseja como resposta."
"Na escola de 1o. Grau, e especialmente no seu primeiro
segmento, não deve haver mecanismos seletivos nem classificatórios.
A escolarização visa dar ao aluno uma educação
básica a que todo cidadão tem direito e, dessa
forma, a seleção é uma violência
a esse direito. Selecionar para quê?"