Jornal da Tarde - 27.02.09

Aula de arte

Oito exposições (para adultos) em que você pode fazer arte com seus filhos pequenos

Thais Caramico

Muitos educadores afirmam que as crianças são o público ideal para as obras de arte: elas têm frescor, curiosidade e bem menos preconceito. Como são raras as opções de mostras para o público infantil - e nem tudo agrada à garotada -, o Divirta-se selecionou oito exposições que por algum motivo chamam a atenção das crianças.

Segundo a curadora e escritora Katia Canton (leia a entrevista ao lado, na pág. 9), os pequenos gostam de uma obra quando há cores, formas, texturas e quando ela desperta ideias e ainda produz algum tipo de emoção. É dessa forma ‘sensorial’ que a experiência de uma criança em um museu se torna mais atrativa. A teoria e os conceitos podem até ser comentados com elas, mas se esta fase for ainda muito avançada, isto não invalida o benefício do contato direto das crianças com a arte. “Este é um mundo visualmente estimulante. Descobrir as cores é algo mágico para elas, tanto que expressam isso depois com muita criatividade”, diz a professora e artista plástica Gracita Garcia Bueno, que tem um projeto de visita a museus para mães com bebês. Confira ainda dicas sobre como curtir o passeio em família, com pausas para o lanchinho e lápis de cor sempre a postos. Ainda que os museus sejam frios e silenciosos, fazer arte é a melhor coisa que existe.

Quadrados mágicos

Aula: você pode até ensinar para o seu filho que o alemão Josef Albers foi um dos pioneiros do modernismo nas artes visuais. Mas o que vai fazer com que ele goste do artista é o conjunto de 45 pinturas da série ‘Homenagem ao Quadrado’. A forma geométrica está em todas as obras, em diferentes cores.
Recreio: na loja do museu há uma bela coleção de arte para crianças. Pena que o café não existe mais. Excursão: o forte da programação infantil são as oficinas escolares, que trabalham com a linguagem e com a técnica do artista em cartaz, dentro do ateliê. Mas o público comum também pode agendar essa atividade, ou então chegar espontaneamente ao museu e pedir uma visita orientada. O Instituto conta ainda com o Laboratório de Arte para crianças, com aulas que duram um semestre.

Instituto Tomie Ohtake
Av. Brig. Faria Lima, 201, Pinheiros, 2245-1900. 11h/20h (fecha 2ª.). Grátis. Até 1º/3.

A arte da imaginação

Katia Canton, escritora e curadora do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (MAC), acredita que enxergar a obra é a primeira coisa que a criança deve fazer. “Muitas a olham, mas não a enxergam”, diz.

Por que levar a criança ao museu?

A criança tem vontade de observar as coisas do mundo. Nada mais completo do que a arte para produzir cores, formas, ideias e sentimentos. O ambiente de um museu não parece ser algo que elas gostam. Elas se sentirão bem se você pedir para que imaginem estar em um outro espaço, como uma nave. Um lugar onde o tempo passa devagar para podermos ver melhor as coisas.

Como fazer a ponte entre o livro de arte e a obra?

‘Trem da História, Uma Viagem Pelo Mundo da Arte’ (Cia. das Letrinhas), de minha autoria, traz um garoto [‘O Estudante’, de Van Gogh, no Masp], que em uma viagem encontra várias obras que estão em acervos de museus brasileiros, e que podem ser vistas. Ou seja, um método pode complementar o outro.

O que é importante em uma visita guiada?

É um momento mágico pois a criança é curiosa e criativa. É preciso deixar que ela faça associações entre o que está vendo e o que vive fora do museu.

A tinta esparramou

Aula: em ‘Jorge Guinle: Belo Caos’, as 33 pinturas chamam a atenção das crianças pela variedade de cores fortes marcadas por pinceladas intensas. A impressão é de que a tinta ainda está fresca. Recreio: o museu fica dentro do Parque do Ibirapuera e tem um café e restaurante com vista para o Jardim das Esculturas.
Excursão: o MAM tem um ótimo setor educativo, com visitas monitoradas produtivas. O museu fornece o material e o visitante produz um trabalho com base no que está vendo e sentindo. Não é difícil encontrar crianças (e adultos) sentados

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