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Quando os pais descobrem droga na vida do filho


Artigo de Rosely Sayão na Folha de S.Paulo 11/03/2004

Ter filhos adolescentes significa viver, no mínimo, uma aventura por dia. Com eles, a vida é sempre cheia de inesperados e de surpresas. E os pais bem sabem que não há maneira de se preparar para isso. A cada dia, é um aprendizado, a cada dia, é um filho diferente que demanda uma outra posição, que exige uma resposta nova para as atitudes que apresenta. Para falar bem a verdade, os jovens se surpreendem também com tudo o que fazem, que descobrem que podem fazer, com o próprio potencial e com a vida. Em meio a tanta turbulência, tem sempre algumas surpresas que os pais preferem não ter de enfrentar.
As drogas fazem parte dessa lista: mesmo esperada e temida, a situação, quando se apresenta, sempre choca e deixa os pais sem saber ao certo como agir. Não é incomum que a primeira reação seja a de encontrar um culpado. Para uma leitora, foram as amigas que influenciaram a filha, para um leitor foi um sobrinho que traiu a confiança da família e assim por diante. Mas o fato é que não há vilão nessa história.
Não são os amigos e colegas que levam a/o filha/o para o mau caminho: é a vida que apresenta certas situações complexas e sedutoras para os jovens e nem sempre eles querem ou conseguem resistir a elas. Nem mesmo a droga pode ser considerada a vilã: ela tem a idade da humanidade. Portanto, é justamente o que é humano que é posto em questão nessa hora.
Levar o filho a um psicólogo, quando possível, quase sempre é a primeira solução encontrada. Mas isso nem sempre é necessário. Em primeiro lugar, o jovem precisa querer fazer um tratamento ou mesmo querer comparecer a algumas sessões para conhecer o profissional que o atenderá para que essa seja uma possibilidade. De nada adianta obrigar o filho a freqüentar o consultório de um profissional da área "psi": não funciona. Além do mais, esse tratamento não substitui a tarefa educativa dos pais -já que o objetivo da psicoterapia não é educativo- muito menos opera mágicas. Muitos pais têm levado o filho para tratamento como se leva um eletrodoméstico para consertar: apontam o defeito para o profissional especializado e esperam buscá-lo de volta em perfeito estado. Essa não é uma atitude que ajuda o filho.
De posse da informação de que o filho experimentou drogas ou as está usando, mesmo que esporadicamente, talvez o passo mais importante que os pais possam dar seja ter uma conversa transparente com o filho. Ele precisa saber é que os pais sabem o que está fazendo, qual é a posição deles a respeito do assunto e que medidas irão tomar. Isso é que é fundamental: saber que os pais cuidam dele, mesmo que contrariando a vontade dele e a sua posição atual.
O que os pais não podem é considerar que uma conversa, mesmo que firme e dura, funcione como uma atitude que colabore na contenção, principalmente quando os filhos estão no início ou no auge da adolescência. Nessa fase, em que estão no ponto de começar a usar o mecanismo de auto-regulação com autonomia, os filhos ainda precisam de confirmações de fora. Dos pais e da escola, por exemplo. Além da conversa, fundamental, por sinal, é preciso também algumas ações. Elas podem ser de vários tipos, e vou destacar dois deles.
Um é tentar averiguar os motivos que podem ter colaborado para a busca da droga. Curiosidade, adesão à turma, insegurança, timidez, atitude etc. Para qualquer uma delas, pode ser criada uma alternativa sadia: expressão dramática, artes plásticas, reflexão sobre a vida por meio de filmes, livros, cenas de tv etc. É perfeitamente possível apontar outros caminhos. Mas, para tanto, é preciso seguir com o filho. Outro tipo de ação é a contenção. Regras, tutela mais rigorosa, cobrança de que o filho administre com responsabilidade sua independência, sua liberdade. Mas é preciso cuidado para não exagerar: tirar por completo a autonomia já conquistada pode ter efeito efêmero.
O fato mesmo é que descobrir que o filho usa drogas coloca em xeque o papel dos pais em relação à sua responsabilidade educativa. Responder a isso pode valer um grande passo no crescimento, de pais e de filhos.


Folha de São Paulo

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