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O dia em que o Brasil acordou numa ditadura


Publicado pelo jornal Folha de S.Paulo 01/04/2004

A primeira falácia de 1º de abril de 1964, o dia em que os militares efetivaram seu golpe de direita que colocaria o país numa ditadura de 21 anos, coincidentemente o Dia Internacional da Mentira e do Trote, é que não houve violência.
Como escreveu Elio Gaspari em "A Ditadura Envergonhada" (Companhia das Letras, 2002), aquele dia "começara de fato um gigantesco Dia da Mentira, não só pelo que nele se mentiu, mas sobretudo pelo que dele se falseou".
É verdade que a "revolução" -ou o golpe- foi feita sem nem sequer uma troca de tiros entre conspiradores e conspirados. A principal arma dos generais rebelados, Castello Branco e Costa e Silva à frente, era o telefone.
Mas não é correto dizer que não houve violência. Morreram, sim, sete pessoas em decorrência do golpe já naquele dia (seriam 19 mortos e dois desaparecidos até o fim do ano): três no Rio, dois em Pernambuco, dois em Minas.
Em 1º de abril, em seus últimos momentos à frente do país, Jango foi o presidente do "não": não interveio nos governos de Minas, São Paulo e Guanabara, todos rebelados; não expurgou a parte conspiradora das Forças Armadas, valendo-se do alegado "dispositivo militar" e da simpatia de grande parte da soldadesca, e não convocou os sindicatos aliados.
"Quando eu o encontrei em Porto Alegre, disse que tínhamos milhares de soldados para colocar nas ruas e defender a legalidade, e o general Ladário Teles (comandante do 3º Exército) disse que tinha armas para munir 11 mil civis", afirmou à Folha Leonel Brizola, então deputado federal pelo PTB. "Mas ele não quis resistir."
Logo após o encontro com seu cunhado -Brizola era casado com Neusa, irmã de Jango-, o presidente diria a um tenente que insistia em sua permanência no poder: "Eu não sou revolucionário, o revolucionário é o Brizola aí. Vocês se acertem com ele".
Exilou-se no balneário uruguaio de Solymar, a 40 minutos de Montevidéu, depois de voar para Brasília, Porto Alegre e São Borja (RS). Morreu em 1976, no dia 6 de dezembro, ainda no exílio. "Viveu sufocado pela saudade e morreu dominado pela angústia do degredo", disse à Folha José Gomes Talarico, assessor sindical de Jango e um de seus melhores amigos.
Naquele dia 1º de abril de 1964, constatou-se que o governo dos EUA apoiava a quartelada e que a embaixada norte-americana se envolvera na conspiração. O embaixador Lincoln Gordon mandou recados a governadores e militares rebelados, cujo teor era a recomendação de que o desfecho do golpe pudesse ser visto como legítimo pelos olhos do exterior.
Além disso, no dia anterior, a Casa Branca ordenara o deslocamento de um porta-aviões ("Forrestal") e uma força-tarefa para a área oceânica nas vizinhanças de Santos, a operação "Brother Sam", conforme descobriria Marcos Sá Corrêa, em 76.
No mesmo dia 1º, o diário "The New York Times" anunciava em sua primeira página, num artigo de 1.039 palavras: "Região militar no Brasil se rebela contra Goulart (título principal), "General proclama que cidade 80 milhas ao norte do Rio é "capital revolucionária'" (subtítulo) e "Regime envia tropas" (título secundário). No Brasil, com exceção do "Última Hora", janguista, a maioria dos jornais do dia criticava o presidente em editoriais.
Naquele dia, uma quarta-feira, os bancos decidiram fechar suas portas, só reabrindo na segunda seguinte - o medo era que houvesse uma corrida por dinheiro. Houve corrida, mas por alimentos e combustível, o que causou filas nos supermercados e postos. Os vôos de avião para a Guanabara foram suspensos. A estrada de ferro Santos-Jundiaí parou.
Mas as aulas continuaram. E os cinemas funcionaram como sempre, exibindo "Irma La Douce", clássico de Billy Wilder (no Olido), "Lawrence da Arábia", épico com Peter O'Toole (Rio Branco) e "O Indomado", western com Paul Newman (Astor e Metrópole).
E, numa obra de ficção escrita mais de duas décadas depois, Roberto Drummond colocaria sua personagem principal, Hilda Furacão, deixando o bordel em que trabalhava, o Maravilhoso Hotel, no dia 1º de abril de 1964.
Na vida real, no mesmo dia, o Bra


Folha de São Paulo

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