USP Leste terá ciclo básico obrigatório |
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Publicado pelo jornal O Estado de S.Paulo 06/04/2004 |
O novo campus Leste da Universidade de São Paulo (USP) terá importante diferença em relação ao tradicional campus Oeste, na Cidade Universitária: um Ciclo Básico obrigatório para todos os alunos dos 12 cursos que terão início em fevereiro de 2005. A Comissão de Implantação da USP Leste defendeu a exigência lembrando que é preciso aproveitar a "diversidade de interesses pessoais e acadêmicos de alunos e docentes" que estarão reunidos no novo campus. A Pró Reitora de Graduação da USP, professora Sonia Penin, foi bem direta: "o que está em jogo é o modelo de universidade que se pretendia fazer". Para Penin, se o modelo de universidade proposto para a USP Leste exigia que diferentes áreas do conhecimento "estivessem juntas", o ponto de partida só poderia ser a obrigatoriedade do ciclo básico.
Em janeiro, a Coordenação Geral do Projeto USP Leste concluiu o documento Projeto do Ciclo Básico, obtido pelo Estado. Por esse texto, o primeiro ano dos 12 cursos da USP Leste obedecerá a um ciclo comum a todos os alunos a partir de três eixos: Formação Introdutória, que inclui as disciplinas específicas de cada carreira, Formação Geral, com 6 disciplinas de formação básica (veja tabela), e uma inovação - a exigência de cursar, com 4 horas/aula semanais, a área de Formação Científica por meio de Resolução de Problemas. Nessa área, segundo a Comissão os alunos devem cumprir as tarefas em pequenos grupos, sempre interdisciplinares, misturando alunos dos 12 cursos, orientados por um professor. Nessa área, os alunos "cumprem passos".
O primeiro deles, é encontrar e discutir um problema que não tenha resposta simples. Os projetos de iniciação científica, igualmente obrigatórios, devem nascer da tentativa de resposta desse "problema".
Sonia Penin afirmou que, embora o mercado de trabalho peça cada vez mais o que chamou de "confluência de competências" (por exemplo, a Medicina pede cada vez mais a ajuda dos engenheiros), a intersecção de conhecimento fica sempre para a pós-graduação. Segundo Penin, essa intersecção precisa ser "construída e exigida desde a graduação". E, porque este é o princípio constitutivo dos novos cursos da USP Leste, "é preciso valorizar o Ciclo Básico".
A professora Myriam Krasilchik, da Faculdade de Educação, afirmou que o esforço de incentivar a pesquisa na USP Leste tem base no que é mais novo e relevante na literatura internacional sobre formação universitária: "a transformação do aluno superficial em aluno profundo". Para a professora, o aluno superficial apenas estuda para "atender a demandas externas", enquanto o profundo "atende a demandas internas" e por isso procura outras fontes de conhecimento. A professora insistiu que o melhor meio de formar esse "tipo de descontente com o que já sabe" é por meio da pesquisa em grupo interdisciplinar. Na USP Leste, assegurou Myriam, "queremos criar o maior número possível de alunos profundos".
O professor Celso de Barros Gomes, chefe de Gabinete da Reitoria, disse que o Projeto USP Leste prevê a contratação de docentes, embora "o Núcleo Criador admita a transferência de docentes da Oeste". Não há ainda, segundo ele, nenhum número consolidado quanto a contratações. A chefia de Gabinete trabalha com dois cenários para discussão e aprovação do Projeto USP Leste no Conselho Universitário, instância máxima de deliberação na USP: as reuniões previstas para 11 ou de 14 de maio, ou com a convocação de reunião extraordinária do Conselho, no final de junho, com essa pauta específica.
O Estado de S.Paulo
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