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Repetência


Editorial publicado pelo jornal Folha de S.Paulo 13/04/2004

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva perdeu a oportunidade de cultivar a virtude cardeal da prudência, abstendo-se de fazer críticas ao sistema de ciclos no ensino fundamental. Poucas mudanças pedagógicas foram tão mal-entendidas quanto a adoção do sistema de ciclos por parte de algumas escolas da rede pública. Esse modelo, também chamado de progressão continuada, é popularmente conhecido como "fim da repetência". Não é nada disso.
Na verdade, as reprovações continuam existindo, só que deixam de dar-se anualmente, como no modelo tradicional, e passam a ocorrer ao final de cada ciclo, que pode durar dois, três ou até quatro anos. Tampouco é exato, como anunciou Lula, que os alunos deixam de fazer provas. Pelo contrário, o sistema de ciclos exige em tese que o estudante seja submetido a ainda mais avaliações. A diferença é que elas não têm o objetivo precípuo de determinar se o jovem será ou não reprovado.
Tem sido grande -e em muitos casos justificado- o desconforto dos pais com o novo sistema. Um número indeterminado de alunos avança nos ciclos mesmo sendo incapaz de ler ou escrever. É uma falha grave que precisa ser corrigida. Ainda assim, a idéia de progressão continuada é boa e faz sentido do ponto de vista pedagógico.
Uma reprovação pode lançar o estudante num terrível círculo vicioso. Carregando o rótulo de repetente e deslocado de sua turma original, o aluno não raro passa a incorporar o papel de mau estudante. A mudança de regime, porém, exige que a escola esteja preparada para isso.
É absurdo acabar com a reprovação sem oferecer, por exemplo, um sistema eficiente de recuperação para que o aluno que não tenha obtido bom desempenho não fique irremediavelmente defasado.
A intervenção presidencial apenas traz mais confusão para um sistema que já conta, entre seus obstáculos, com a dificuldade de ser compreendido e assimilado.


Folha de São Paulo

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