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Cartas ganham a cara do remetente


Publicado pelo jornal O Estado de S.Paulo 07/05/2004

A carta que o aposentado Arthur d'Andrea Sobrinho, de 78 anos, despachou para o neto nos Estados Unidos na semana passada foi precedida de um telefonema de aviso. "Não jogue fora o envelope." Colada nele ia a informação mais valiosa da correspondência até então nunca trocada com o neto, de 26 anos: um selo estampado com uma foto do rapaz ainda menino.
Sobrinho é um dos primeiros clientes do serviço de selos personalizados dos Correios. Desde março, é possível encomendar, nas principais agências do País, selos ilustrados com foto, logotipos e gravuras a gosto do freguês. A idéia é inspirada em produtos similares da Austrália, Suíça, Canadá e França.
Filatelista amador, Sobrinho já mandou fazer oito modelos com foto dos netos e de paisagens de seu sítio no interior de São Paulo. Pretende recuperar o hábito perdido no tempo pré-comunicação virtual de sua juventude, em que telefone era luxo pouco acessível e as notícias só chegavam pelo correio.
"Uso e-mail ou telefone, mas vou voltar a enviar cartas, como fazia quando escrevia para minhas namoradas."
Os selos personalizados podem franquear a correspondência para qualquer parte do mundo. São vendidos em cartelas de 12 unidades a R$ 21,00. Metade traz um motivo padronizado, pré-impresso na Casa da Moeda. Na metade em branco vai a fotografia ou gravura personalizada. O cliente leva a imagem na agência, preenche um formulário e escolhe o motivo padrão - guará, gato estilizado, taças de champanhe, alianças, pessoas se abraçando, paisagem da mata atlântica ou o logotipo do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense. Os temas foram selecionados numa pesquisa dos Correios. Exceção para o Grêmio, que entrou na lista para se aproveitar um modelo pronto.
"Recebemos pedidos de empresas que imprimem o logo na correspondência de clientes, pessoas que querem fazer convites e colecionadores", diz Marcos Antônio Vieira da Silva, diretor Regional dos Correios de São Paulo Metropolitana. A foto do cliente é impressa numa empresa terceirizada no Rio e a cartela personalizada, entregue em dez dias pelo correio. Não são aceitos motivos ofensivos, de cunho político ou ideológico, campanhas, violação de direitos de privacidade ou conteúdo discriminatório.
O médico Luiz Fernando Pereira Leite, de 39 anos, já adotou a novidade.
Ontem, enviou cartas para a mulher, a sogra e a mãe seladas com uma foto de seu filho de 9 anos. "Quis fazer uma surpresa e pedi a ele que escrevesse mensagens de Dia das Mães", conta. As cartas mal chegaram e Leite já mandou fazer cartelas com as fotos da família para mandar nos cartões de Natal.
A diversão de enviar selos customizados pode ajudar a aumentar o cada vez mais modesto fluxo de correspondências particulares. Dos 10 bilhões de objetos que circulam anualmente no Brasil, apenas 8% são cartas de pessoas físicas. E, embora o tráfego postal cresça 4% ao ano em média no País, esse tipo de correspondência vem diminuindo. Na década de 80, eram 10% do total.
"O produto vai estimular as pessoas a escrever mais", aposta Silva, dos Correios.
Nos últimos anos, os serviços postais de todo o mundo vêm perdendo espaço.
De acordo com a União Postal Universal, agência ligada a Organização das Nações Unidas, o tráfego postal cresce pouco mais de 2% ao ano, enquanto telefone, fax, e-mail e outros meios mais modernos de comunicação se expandem na velocidade do século 21. Estudos feitos pela agência apontam que, até 2005, o serviço postal deve perder 15% de sua participação no mercado da troca de informação para novas tecnologias.
"O futuro das cartas e selos é sombrio", diz Mário Xavier Junior, da Federação Brasileira de Filatelia. Auto-definido como um colecionador ortodoxo, ele vê com desconfiança a novidade dos selos personalizados. "É mais um souvenir, não tem valor para coleção", diz. Mas, na dúvida, já encomendou alguns. "Pode ser que um dia se tornem uma raridade."


O Estado de São Paulo

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