G-8 propicia medicamentos contra a AIDS |
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Publicado pelo jornal O Estado de S.Paulo 19/05/2004 |
O coordenador do Programa Nacional de DST-Aids, Alexandre Grangeiro, disse ontem que a criação do grupo de países emergentes para aids, o G-8, anunciada na segunda-feira em Genebra, poderá propiciar um salto na produção e desenvolvimento de medicamentos usados contra a doença.
Mais: a rede de pesquisa formada pelos países poderá trabalhar na inovação de remédios protegidos por patentes. Com pequenas alterações na fórmulas, a produção passará a ser livre. "É uma linha de atuação que deve baratear de forma significativa o tratamento", disse ao Estado, por telefone.
Formado por Brasil, Índia, China, Tailândia, África do Sul, Rússia, Nigéria e Uganda, o grupo faz hoje sua primeira reunião. No encontro, evento paralelo da Assembléia Mundial de Saúde, em Genebra, esses países vão pôr na mesa quais tecnologias dominam e em quais têm interesse em receber orientação. "Será um plano básico", disse Grangeiro, que deve participar da reunião.
O Brasil, por exemplo, domina tecnologia para produção de exames de carga viral e CD4. China e Índia têm larga experiência em princípios ativos. "A idéia é que haja uma transferência de tecnologia entre os países. Defendemos que esta cooperação seja feita de forma gratuita. Mas isso vai depender de cada país."
Além de mais condições de produzir e aperfeiçoar genéricos, Grangeiro estima que o G-8 tenha maior facilidade, por exemplo, para formar consórcios e garantir empréstimos para pesquisas em aids.
Costa - O ministro da Saúde, Humberto Costa, fez ontem na assembléia uma dura crítica ao comportamento dos países ricos no combate à aids. Costa pediu aos governos que "passem das declarações para ação efetiva". Para ele, a ampliação do tratamento contra a aids na velocidade necessária só será possível com o uso de genéricos, o que exigiria flexibilidade dos países ricos em aceitar mudanças nas regras sobre patentes.
Costa afirmou ainda que a responsabilidade é de todos na guerra contra a doença, mas a maior responsabilidade é dos países desenvolvidos. "São os únicos capazes de aportar, de forma significativa, os recursos financeiros necessários à operacionalização de ações contundentes para a prevenção, tratamento e defesa dos direitos humanos das pessoas atingidas pela epidemia."
Para o brasileiro, o setor público deve ter um papel de liderança na ampliação do acesso ao tratamento. Ele lembrou que muitos países em desenvolvimento enfrentam dificuldades com programas contra a aids diante da falta de recursos.
O Estado de São Paulo
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