Descobertos mais dois planetas extra-solares |
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Publicado pelo jornal O Estado de S.Paulo 01/09/2004 |
(Herton Escobar)
A família de planetas descobertos fora do sistema solar acaba de ganhar dois novos irmãos caçulas. Cientistas americanos anunciaram ontem a descoberta de dois exoplanetas, bem menores do que os detectados até agora e potencialmente mais parecidos com a Terra. Ao contrário dos gigantes gasosos do tipo Júpiter, é possível que os novos astros tenham formação rochosa, com massa semelhante à de Urano. Um deles é o quarto planeta descoberto em torno de uma mesma estrela, formando um sistema parecido com o nosso.
Seriam os primeiros planetas extra-solares desse tipo já detectados, se astrônomos do European Southern Observatory (ESO) não tivessem anunciado a descoberta de algo muito semelhante um dia antes - não por coincidência. A busca por planetas é um dos campos mais disputados da astronomia atual.
Mais de 120 já foram localizados nos últimos dez anos, mas todos planetas gigantescos e gasosos, nada parecidos com a Terra.
A tecnologia atual não permite a detecção de planetas pequenos e rochosos, mas os novos astros são os menores descobertos até agora. O dos europeus tem massa equivalente a 14 Terras e os dos americanos, entre 10 e 20 Terras.
"Estamos começando a ver planetas cada vez menores. Planetas parecidos com a Terra são o próximo passo", disse o pesquisador Geoffrey Marcy, da Universidade da Califórnia. Foi ele quem descobriu um dos planetas, junto com Paul Butler, do Instituto Carnegie em Washington, na órbita da estrela Gliese 436. Barbara McArthur, da Universidade do Texas, descobriu o outro.
Ambos têm órbitas muito próximas de suas estrelas, completando cada volta em questão de dias. As descobertas foram financiadas pela Nasa e pela Fundação Nacional de Ciências dos EUA.
Acredita-se que eles possam ser feitos de rocha, mas é apenas uma hipótese.
"Não achamos que seja possível produzir um planeta rochoso puro de dezenas de massas terrestres. Mas podemos estar errados", diz o astrofísico brasileiro Eduardo Janot-Pacheco, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo. O limite para um planeta rochoso, segundo ele, seria de algumas poucas massas terrestres.
"Menos de dez, com certeza."
Planetas maiores como Júpiter, Saturno, Urano e Netuno possuem um núcleo sólido, mas são formados principalmente de gás. Seus conterrâneos extra-solares não são observados diretamente, mas, por causa do tamanho, podem ser detectados pela influência que exercem sobre o campo gravitacional das estrelas orbitadas. Tanto americanos quanto europeus têm projetos para detecção de planetas do tipo da Terra nos próximos anos. Um deles é o telescópio Corot, do qual Pacheco participa, com lançamento previsto para 2006.
O Estado de S.Paulo
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