País sediará centro mundial de controle da Aids |
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Publicado pelo jornal O Estado de S.Paulo 02/09/2004 |
(Lígia Formenti)
A experiência brasileira de capacitação de pessoal para tratamento e prevenção da aids foi encampada pela Organização das Nações Unidas. O governo e o Programa das Nações Unidas para Aids (Unaids) anunciaram ontem um acordo que prevê a instalação no Brasil de um centro internacional de cooperação técnica para HIV/aids. O centro, o único do mundo, deverá formar técnicos e profissionais de países em desenvolvimento para combater a epidemia, definir políticas de direitos humanos para pacientes e metodologias de vigilância epidemiológica.
A idéia é que profissionais estrangeiros venham ao País para receber o treinamento. Em alguns casos, profissionais brasileiros também poderão ir aos países conveniados para desenvolver cursos de capacitação.
"O Brasil é uma referência mundial na capacitação da aids. Com o acordo, o trabalho que já vem sendo feito em acordos bilaterais entre Brasil e outros países deverá ser ampliado e integrado", afirmou o diretor mundial do Unaids, Peter Piot, logo depois de se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na reunião, Piot fez a proposta do acordo trilateral, logo aceita pelo presidente. O trato integra Brasil, Unaids e países em desenvolvimento, interessados em ver seus profissionais capacitados para combater a epidemia.
No encontro Piot sugeriu ainda que Lula incorporasse em sua atuação internacional uma outra bandeira, além da luta contra a fome e contra a pobreza: o combate à aids. "Pedi que ele assumisse uma posição de liderança nessa área", afirmou Piot.
O presidente aceitou a sugestão e já tem data marcada para estrear sua nova forma de atuação. No fim do mês, durante a reunião paralela da Assembléia Geral das Nações Unidas, além de sua atuação contra a fome e a pobreza, Lula deverá fazer a defesa da necessidade de uma resposta mundial para a contenção da pandemia de aids.
Agenda - "Pobreza, aids e fome estão intimamente ligadas", avaliou Piot. Ele observou que a epidemia passa por uma fase de globalização, com crescimento significativo de casos na Ásia, na China, na Índia e no Leste Europeu. "A aids nunca matou tanto. É preciso criar uma agenda internacional para trabalhar conjuntamente contra os três problemas: pobreza, fome e aids."
Pelo acordo anunciado ontem, ainda não formalizado, tanto Brasil quanto Unaids deverão investir US$ 500 mil nos próximos dois anos para a formação do Centro de Capacitação. A proposta prevê ainda recursos adicionais, obtidos com iniciativa privada e organismos internacionais, como a Usaid.
"O acordo representa uma chancela da ONU ao trabalho que vem sendo desenvolvido nos últimos anos pelo programa brasileiro", avaliou o diretor da Europa e Américas da Unaids, Luiz Loures. Desde 1995, o Brasil desenvolve trabalhos de cooperação técnica. Atualmente, 25 países recebem profissionais brasileiros ou enviam seus técnicos ao País para receber formação de tratamento e prevenção da aids.
Não haverá um prédio para a capacitação. O trabalho seria feito em forma de rede, a partir de estrutura instalada no Unaids de Brasília e no Programa Nacional de DST/Aids. Piot prevê que o centro inicie seus trabalhos ainda neste ano. Entre os países candidatos a integrar o programa está Moçambique.
O trabalho deve contar também com a participação de organizações não-governamentais que desenvolvem atividades na área da aids.
O Estado de S.Paulo
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