O mundo envelhece e a conta aumenta |
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Publicado pelo jornal O Estado de S.Paulo 01/09/2004 |
A boa notícia é que estamos vivendo mais do que nunca. A má notícia é que isso terá um custo para nós. Com as taxas de fertilidade global crescendo mais lentamente e o aumento da prosperidade elevando a expectativa de vida, surgiu um complicado efeito colateral: grandes parcelas do mundo estão começando a parecer casas de repouso. E não se sabe como o mundo pagará por elas.
Uma população de aposentados maior, vivendo mais tempo, combinado com um número menor de pessoas jovens, significa que a fatia total da população que trabalha vai encolher. Com menos gente trabalhando para sustentar todos os demais, o padrão de vida poderá cair.
O envelhecimento vai impor tensões sobre as finanças do governo, retirando mais e mais dinheiro dos orçamentos para pagar pensões e assistência médica.
Como resultado, as taxas de juros poderão subir drasticamente, com os idosos lançando mão de suas economias, baixando os índices de poupança em todo o mundo industrial. A conseqüência é que o numeroso grupo dos idosos provavelmente será obrigado a trabalhar bem além da idade hoje considerada como velhice e depois obterão pensões mais parcas quando finalmente se aposentarem. Além disso, seus filhos terão de trabalhar mais arduamente para sustentá-los.
"Este é o resultado de tendências desejáveis", diz Joseph Chamie, diretor da divisão populacional da ONU. "Uma taxa de mortalidade mais baixa é uma notícia muito boa. Mas temos de nos ajustar ao sistema."
Veja a situação do Japão. Com metade da população com idade superior a 41 anos, o Japão está entre os países mais velhos do mundo. Com uma das taxas de fertilidade mais baixas do planeta - 1,32 filho por mulher -, em 2050 haverá cerca de 110 milhões de japonesas, 17 milhões a menos do que em 2000.
E metade dessas pessoas terá mais de 53 anos.
Segundo projeções de economistas da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o gasto público japonês com pensões e saúde terá aumentado em cerca de 3% do PIB em 2050. O envelhecimento também vai reduzir lentamente a prosperidade do país, diminuindo sua força de trabalho.
Em 2000, para cada pessoa com mais de 60 anos havia quase três pessoas em idade produtiva. Segundo projeções da ONU, em 2050, haverá menos que uma. O perfil não é exclusividade do Japão. Em 2050, metade dos italianos e metade dos espanhóis terão mais de 52 anos. Mesmo nos Estados Unidos, a mais jovem das nações ricas, a expectativa é que as pessoas com mais de 65 anos representem 19% da população em 2030, enquanto em 2000 essa porcentagem era de 12%. (The New York Times)
O Estado de S.Paulo
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