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Só 23% dos brasileiros sabem calcular direito


Publicado pelo jornal O Estado de S.Paulo 09/09/2004

(Simone Iwasso e Gabriella Sandoval)
Judite Pereira Lacerda, de 59 anos, vende bilhetes de loteria, mas tem dificuldades em fazer contas. Todos os dias, enquanto tenta com lápis e papel descobrir quanto cobrar de seus clientes, é atropelada pela pressa dos que não têm tempo a perder na tumultuada Praça da Sé, no centro de São Paulo.
Antes que ela termine a conta, o comprador se adiantou, deixou o dinheiro do bilhete e foi embora. E o prejuízo, quando há, também fica difícil de ser calculado. Para descobrir, seria necessário subtrair valores, uma operação matemática que a vendedora não sabe como fazer.
Aparentemente contraditória, a situação de Judite não é tão peculiar. Ela faz parte de um grupo de pessoas que consegue identificar os números e as quantidades que eles representam. No entanto, têm dificuldades em realizar operações matemáticas simples. São 29% da população.
Estão entre extremos: os 2% que não conseguem anotar um telefone ou entender um preço e os 23% que realizam sem dificuldades todos os cálculos necessários à vida cotidiana, incluindo a interpretação de gráficos, mapas e tabelas. A maioria, 46%, consegue realizar todas as operações, desde que exijam apenas um cálculo.
O panorama foi traçado pelo 4.° Indicador Nacional de Analfabetismo Funcional (Inaf), pesquisa feita pelo Instituto Paulo Montenegro, do Ibope, com uma amostragem de 2 mil pessoas de 15 a 64 anos em todo o País. Os resultados confirmaram os dados do primeiro levantamento do instituto, feito há dois anos.
Conclusões - Os entrevistados responderam um questionário de 36 perguntas, que incluíam a soma, o cálculo de porcentagem e a interpretação de gráficos. Como conclusão, os pesquisadores descobriram que, apesar de os números estarem em todos os lugares, poucos conseguem trabalhar com eles. "Menos de 1 em cada 4 pessoas consegue fazer cálculos necessários ao dia-a-dia. É muito pouca gente. Isso mostra o baixo nível educacional da população", afirma Vera Masagão, secretária-executiva da organização não-governamental Ação Educativa.
Por ter cursado até a 7.ª série do ensino fundamental, Judite deveria saber somar, subtrair, dividir e multiplicar. Entre a teoria e o aprendizado, a compreensão ficou perdida. "Os dados mostram que quanto mais anos de estudo, maior a capacidade da realizar operações. Porém, a escola precisa trabalhar com uma matemática mais próxima da vida", diz Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca, consultora do 4.º Inaf e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
"Não adianta mudarmos currículos, fazermos projetos, se não trabalharmos tudo ao mesmo tempo. Projetos isolados não vão produzir resultados se não estiverem no bojo de um trabalho maior e contínuo", afirma a professora Cileda Coutinho, da PUC-SP.
Mas há progressos, analisa a educadora Ruth Itacarambi, do Centro de Aperfeiçoamento do Ensino da Matemática da USP. "Hoje, o parâmetro para o ensino da matemática é a contextualização do conhecimento, muito diferente do ensino de décadas passadas."


O Estado de S.Paulo

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