Publicado pela revista Carta Capital 15/09/2004

Médicos do Hospital Massachusetts General e do Beth Israel Deaconess Medical Center, de Boston, publicaram um artigo no New England Journal sobre a proteína leptina, comprovando a importância de seu papel para a saúde da mulher.
Os autores do trabalho, coordenado pelo dr. Christos Mantzoros, sugerem que as mulheres com os menores porcentuais de gordura corporal – atletas, modelos e anoréxicas – possuem um baixo nível desse hormônio e, conseqüentemente, apresentam infertilidade e risco de fraturas ósseas por osteoporose, além de alterações afetivas.

A leptina foi descoberta em 1994 e desempenha uma função importante no sistema neuroendócrino controlado pelo cérebro e que modula a produção de hormônios. Produzida pela célula gordurosa, a leptina expressa o quanto temos de gordura armazenada. Portanto, quanto mais energia guardada, mais leptina.

Nas mulheres que fazem regime ou gastam muita energia, a leptina é reduzida. Com isso, cai a produção dos hormônios femininos, o que pode levar à infertilidade e à osteoporose, além de alterações de humor. Um quadro que se assemelha a uma menopausa antecipada.

Para provar isso, os pesquisadores escalaram 14 atletas com esse perfil e várias já não menstruavam havia cinco anos. Oito delas receberam leptina duas vezes ao dia por três meses ou até voltarem a menstruar normalmente, as outras seis não receberam o hormônio e foram apenas observadas por igual período.

As atletas que receberam leptina passaram por mudanças dramáticas: seus níveis hormonais voltaram a subir, seu estado psíquico melhorou e sua fertilidade foi recuperada.

Esse achado é importante, pois demonstra uma opção para a infertilidade hormonal, que é responsável por 30% das causas do problema nas mulheres. Também pode ser usado como tratamento para osteoporose em atletas e uma boa explicação para o início da menstruação em adolescentes, já que todas apresentam um ganho de peso logo antes de iniciar a sua vida fértil.

Carta Capital

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